Diário de Notícias

Professor Santos não deu notas positivas no teste com os EUA

Seleção. Técnico promoveu mais três estreias e deu minutos a outros jogadores que não têm sido apostas regulares, mas a verdade é que contra os Estados Unidos quase nenhum aproveitou. Beto salvou a imagem da turma das quinas

- GONÇALO LOPES

Portugal empatou ontem com os EUA (1-1) e Fernando Santos não terá conseguido retirar bons apontament­os na preparação para o Mundial 2018.

Ao contrário do jogo com a Arábia Saudita, ontem Fernando Santos preteriu o 4x4x2 por um 4x3x3. A ideia era criar um ataque mais móvel, com Gelson Martins e Bruma a assistirem Gonçalo Guedes. A ideia, de facto, era essa, mas nos primeiros 45 minutos a seleção nacional sentiu muitas dificuldad­es para impor esse tal futebol mais rápido e elétrico pelas caracterís­ticas dos três da frente.

A qualidade dos adversário­s, antes de mais, era bem diferente. Se com os sauditas os comandados de Fernando Santos podiam pensar com bola, ontem os norte-americanos não o permitiram. Bastante intensos e pressionan­tes, nunca deixaram que os principais pensadores das quinas, Manuel Fernandes e Bruno Fernandes, conseguiss­em levar o jogo para a frente, onde os tais três jovens do ataque sentiram muito a falta de... bola. Se faltavam rotinas ao onze de Portugal, do lado dos EUA também houve experiênci­as, mas os norte-americanos pareciam mais “crescidos” (apesar da muita juventude), com um futebol mais pensado e sem medo de atacar.

Num desses lances, aos 21’, McKennie inaugurou o marcador, trocando as voltas ao estreante Ricardo Ferreira e fuzilando Beto. Mas não se pense que marcaram na primeira vez que foram à baliza, pois já tinham antes assustado o guardião português .

Portugal não tinha ideias para se libertar de uma muito bem montada teia norte-americana, sobretu- do no centro do terreno e nas alas, e Horvath, o guarda-redes dos EUA, era um mero espetador. Era... até que borrou a pintura, quando num cruzamento-remate de Antunes deixou a bola escapar-lhe por baixo das pernas.

Nessa altura, aos 31’, Portugal já estava melhor, a crescer, em ascendente sobre os EUA, mas sem grande brilho. A bola chegava mais à área, mas os três da frente pareciam atrapalhar-se, invadindo os espaços uns dos outros.

Fernando Santos tentou mudar o estilo de jogo no segundo tempo com a entrada de um avançado mais fixo, Gonçalo Paciência, libertando Guedes para uma das alas, para o lugar de Gelson Martins. A ideia seria que o ponta-de-lança fixasse os defesas na área para as alas funcionare­m melhor, mas a verdade é que a toada de jogo manteve-se, com os EUA sempre mais perigosos. Aliás, o reatamento começou com Beto a brilhar, numa enorme defesa e cabeceamen­to de Adams, aos 52’, antes de McKennie acertar na trave, aos 55’.

Eram precisas mais mudanças e o selecionad­or português percebeu isso mesmo. Voltou ao esquema “normal”, 4x4x2, quando fez entrar Bernardo Silva e juntou Gonçalo Guedes a Gonçalo Paciência no centro da área, aos 62’.

Aí, a postura de Portugal mudou, com os jogadores a surgirem mais rápidos, mais criativos e com mais posse de bola. A defesa dos EUA começou a ter muito trabalho, mas sem deixar de contra-atacar.

Bernardo Silva tomou a batuta da equipa e levou a turma das quinas para a frente. Faltou-lhe, contudo, colegas à altura na área. Gonçalo Paciência ainda lutou com os centrais, Guedes também, mas faltou poder de fogo dentro do retângulo final e o dissabor não foi pior porque Beto voltou a brilhar aos 73’, num corte acrobático com os pés, já na pequena área, quando Carter-Vickers aparecia sozinho.

Resumindo, Fernando Santos não tirou grandes notas, sobretudo com os que estreou. E também não foi ontem que Portugal quebrou a malapata com os EUA, aos quais não vence desde 1990.

“Houve coisas positivas e negativas. O que vejo no treino é tão importante como os jogos. Todos podem ir ao Mundial”

FERNANDO SANTOS SELECIONAD­OR “Estou muito feliz pela estreia, mas o resultado não foi o que queríamos. Mundial? Há sempre uma hipótese”

GONÇALO PACIÊNCIA AVANÇADO

 ??  ?? Antunes remata quase da lateral para o golo que valeu o empate, num frango de Horvath
Antunes remata quase da lateral para o golo que valeu o empate, num frango de Horvath

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal