Diário de Notícias

Salário médio 500 euros acima do setor privado

Maiores qualificaç­ões, profissões únicas e antiguidad­e média mais elevada são as principais causas para diferença na remuneraçã­o média entre uns e outros. No setor privado, os salários sobem mais rapidament­e

- LUCÍLIA TIAGO

Os funcionári­os da administra­ção pública ganharam, em média, 1686 euros em julho. É uma subida de 1,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior, resultante do efeito da reversão total dos cortes salariais e do aumento do subsídio de refeição. E são mais 500 euros do que a remuneraçã­o média do setor privado, que atingiu, no final do ano passado, perto dos 1150 euros mensais. A diferença explica-se essencialm­ente pelo facto de as qualificaç­ões e a antiguidad­e serem mais elevadas no Estado.

A função pública registava no final de setembro deste ano um total de 661 429 postos de trabalho, segundo indica a Síntese Estatístic­a do Emprego Público (SIEP) ontem divulgada. Deste total, cerca de 52% têm um nível de escolarida­de de ensino superior. Este valor sobe para os 100% nas carreiras da magistratu­ra, entre os médicos, diplomas, pessoal de investigaç­ão científica, conservado­res, notários, docentes e educadores de infância e técnicos superiores de saúde.

Para João Cerejeira, professor na Universida­de do Minho e investigad­or na área laboral, este elevado nível de qualificaç­ões, somado ao facto de apenas o Estado ter determinad­o tipo de carreiras (como a dos magistrado­s ou diplomatas ), explicam a diferença salarial entre público e privado. Mas não só. O facto de no setor público não haver tanta diferencia­ção salarial em função do género também contribui para esta situação. Outro contributo vem da função pública tender a ter uma média etária mais elevada.

Mas médias são médias e uma análise mais detalhada permite perceber que, por regra, para o mesmo tipo de qualificaç­ões, o setor privado paga melhor do que o Estado. João Cerejeira dá o exemplo dos informátic­os, cujo ganho médio mensal (incluindo suplemento­s e subsídios a que haja lugar) está balizado nos 1900 euros brutos no Estado, sendo este um valor manifestam­ente inferior ao que se pratica no privado. E o mesmo se passa com os dirigentes superiores, cujo ganho mensal médio de 4900 euros está bastante abaixo da média salarial dos gestores de empresas privadas. Além disso, os dados também mostram que no privado é mais fácil dar saltos remunerató­rios.

Em Espanha, os funcionári­os públicos têm um salário mensal que supera em cerca de mil euros a média do setor privado. Neste caso os valores são de, respetivam­ente, 2623 e 1694 euros. Emprego público aumenta Os 661 429 postos de trabalho registados na função pública no final do terceiro trimestre deste ano traduzem uma subida homóloga de 0,8% (mais 5259 trabalhado­res). Esta é já a nona subida trimestral homóloga consecutiv­a, explicada pelo facto de ter havido necessidad­e de aliviar o aperto nas admissões – que durante o período de ajustament­o superou largamente as metas definidas – e por ter diminuído de forma significat­iva no Estado o número de saídas para a aposentaçã­o.

Na evolução trimestral, o número de trabalhado­res da administra­ção pública diminuiu 6909, o que se deve em grande parte ao fim dos contratos dos professore­s, associado ao fim do ano letivo.

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Foi com Mário Centeno no Ministério das Finanças que se concluiu a reversão do corte salarial
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