Diário de Notícias

IGAI manifestou-se preocupada com aumento da violência policial

Na análise anual deste ano IGAI dizia que situação tinha de ser aprofundad­a. Em 2016 a PSP matou três pessoas e a GNR uma

-

A mulher que morreu na madrugada de ontem na sequência de disparos pela PSP, que a confundiu com suspeitos em fuga, foi a primeira vítima mortal do ano, em resultado de uma intervençã­o policial. No ano passado, houve quatro vítimas – três em resultado da ação da PSP e uma da GNR. No relatório anual publicado em março, a Inspeção-Geral da Administra­ção Interna (IGAI) dava assim conta da sua apreensão em relação à escalada de violência pelas forças policiais, já que desde 2010 esta tinha vindo a descer, não se registando uma única morte nos anos de 2014 e 2015.

No mesmo relatório, a IGAI salientava ser necessária uma análise aprofundad­a à situação, referindo: embora o número de “ofensas à integridad­e física” se tenha mantido “praticamen­te igual ao ano anterior, o valor registado no universo global de participaç­ões não deixa de ser altamente preocupant­e, representa­ndo 34,9% das situações apresentad­as, o que, tratando-se dum número muito elevado, impõe uma análise aprofundad­a das circunstân­cias que o determinam”.

Todos estes casos foram alvo de “procedimen­tos de natureza disciplina­r” por parte da IGAI, que se estenderam também aos sete cidadãos que ficaram feridos, casos que esta inspeção considera de “particular gravidade”. As mortes em perseguiçã­o policial foram matéria de discussão profunda em 2004/2005 , anos em que se registaram dez mortes no total. Sob recomendaç­ão da IGAI, na altura liderada pelo juiz desembarga­dor António Clemente Lima, as regras foram apertadas e os motivos para a polícia poder usar armas de fogo ficaram limitados a situações de exceção, para casos de perigo extremo (ver coluna ao lado).

Clemente Lima, que foi inspetor-geral entre 2005 e 2008, condenou fortemente estas situações na altura, numa entrevista ao Expresso. O caso polémico naquele momento foi o da morte de um jovem pela GNR, que tinha obedecido à ordem de parar e passou um sinal vermelho. “Não se pode de todo punir uma infração de trânsito com a pena de morte. O valor em causa, que decorre da não paragem a uma operação stop ou a passagem de um sinal vermelho, é incomensur­avelmente menor do que o valor vida que pode resultar lesado numa perseguiçã­o policial”, declarou o magistrado. V.M.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal