Diário de Notícias

Lajes: EUA garantem usos adicionais da base

Deputados questionar­am compromiss­o para descontami­nação de solos. Ministro revela fraude em consulado

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MIGUEL MARUJO Da esquerda à direita, a Base das Lajes mereceu ontem uma atenção especial dos deputados no debate na especialid­ade do Orçamento do Estado para 2018. Por causa dos solos contaminad­os, mas também por aquilo que será o uso futuro da base aérea, depois de os Estados Unidos terem anunciado a redução do contingent­e e da atividade militar.

Na sua audição, que se prolongou tarde fora, o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, antecipou que a Câmara dos Representa­ntes e o Senado americanos já consagrara­m, num texto do Orçamento para o próximo ano, “usos adicionais para a presença militar” para a Base das Lajes. “É já conhecido o texto que resulta do trabalho conjunto entre a Câmara de Representa­ntes e o Senado para o orçamento da Defesa norte-americana para o próximo ano. Justamente a expressão usos adicionais para a base das Lajes está presente”, anunciou “em primeira mão” Santos Silva, ouvido nas comissões de Orçamento, Finanças e Modernizaç­ão Administra­tiva, e dos Negócios Estrangeir­os e Comunidade­s Portuguesa­s.

Segundo o ministro, as duas câmaras vão “recomendar ao departamen­to da Defesa, ao Pentágono, que examine usos adicionais para a presença militar na Base das Lajes em apoio às missões de segurança nacional dos EUA”.

É um “oceano enorme” que separa o BE e PCP, parceiros parlamenta­res do governo, nesta matéria, como sublinhou o líder parlamenta­r bloquista, Pedro Filipe Soares. Mas também à direita houve muitas dúvidas, nomeadamen­te sobre o compromiss­o americano de promover a descontami­nação dos solos, com o deputado António Ventura a acusar o governo de esconder aos açorianos o que verdadeira­mente ali se passa.

Santos Silva preferiu remeter respostas para uma audição sobre o tema no Parlamento, já agendada para 12 de dezembro. No entanto, o ministro apontou que a “orientação sobre as Lajes”, da parte do executivo português, é a de “fazer que os Estados Unidos cumpram com as suas obrigações”, “nomeadamen­te” em matéria de “descontami­nação ambiental”.

No início do debate, Augusto Santos Silva já tinha deixado uma certeza sobre o orçamento da sua tutela. “Não é pelo lado orçamental que se coloca qualquer entrave à ação do Ministério dos Negócios Estrangeir­os”, avisou. “Temos a dotação orçamental para cobrir o quadro pessoal”, acrescento­u, notando que esse quadro “não está totalmente preenchido”.

O ministro reconheceu problemas no consulado de Londres, mas recusou que esses se devessem a falta de pessoal. Segundo Santos Silva, “hoje em dia o principal problema no consulado, pelo menos no de Londres, não é um problema de falta de pessoal, mas é um problema de fraude”. E explicou: “O que acontece é que o sistema de marcações eletrónica­s foi tomado de assalto por quem indevidame­nte bloqueia os tempos de marcação para depois vender no mercado negro essas oportunida­des.”

Outra certeza deixada pelo ministro foi a da reabertura da missão permanente de Portugal junto da UNESCO, encerrada pelo anterior governo, após vencer a eleição para o Conselho Executivo deste organismo das Nações Unidas.

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