Em 2019, os candidatos a especialistas vão assistir ao nascimento do que esperam ser um sistema “mais justo”
e diagnóstico, por exemplo”, recordou.
Joana Justo Gonçalves conseguiu “uns suados 78%”, ingressando assim na especialidade de preferência, mas “muitos colegas não tiveram a mesma sorte”. “A mudança agrada-me e espero que passe a ser um sistema mais justo e mais centrado na capacidade clínica”, concluiu.
O percurso de Sónia Fernandes, de medicina interna, foi mais sofrido. “Fiz o Harrison três vezes até conseguir a especialidade dos meus sonhos”, contou. A primeira vez, em 2014, a jovem, de 30 anos, não atingiu a nota necessária às suas pretensões (45%) ficando impedida de entrar para a formação específica pretendida (medicina interna). Acabou por desistir e repetir a prova no ano seguinte. “Voltei a não conseguir e fui parar ao Algarve em medicina geral e familiar. Sabia que não iria conseguir fazer algo que não gostava toda a vida e decidi voltar a tentar a minha sorte e repetir, de novo, o exame”, contou.
O ano passado, voltou ao estudo intensivo e chegava a “colar post-its na cama para adormecer a decorar a matéria”. “Foi duro, mas não podia desistir do meu sonho. O exame é difícil para quem não tem muito poder de memorização. É redutor e não faz sentido que todo um percurso académico se resuma a um exame de memória”, afirmou. Sónia Fernandes – que se submeteu a exame no ano passado e conseguiu, finalmente, entrar para medicina interna – vai hoje vigiar o exame, em Vila do Conde, onde terá à sua frente “muitos jovens com a mesma ansiedade e medos” que ela enfrentou há pouco tempo. “Vai custarme não poder ajudar, pois sei o que vão sentir. É a carreira deles que está em jogo. Trata-se de um momento marcante na vida de um estudante de medicina”, concluiu.
Os mais de 1600 estudantes de Medicina inscritos no temido exame Harrison vão realizar a prova um pouco por todo o país. Braga, Coimbra, Covilhã, Funchal, Lisboa, Porro, Vila do Conde e Ponta Delgada são as cidades onde começa uma nova página na vida dos estudantes e uma das últimas do Harrison. Em 2019 os candidatos a especialistas verão nascer o que esperam ser um sistema “mais justo” e mais “centrado na capacidade clínica”.