Diário de Notícias

Surto de legionela teve mesmo origem no hospital

Documento preliminar foi entregue ao Ministério Público. Diretora-geral da Saúde não quis revelar o foco exato da infeção

- JOANA CAPUCHO

É oficial: o surto de legionela teve origem “dentro do perímetro do Hospital de São Francisco Xavier”. A informação foi avançada ontem por Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, que não revelou, no entanto, qual a fonte exata da infeção. “Se é a torre A, B ou C é irrelevant­e do ponto de vista da saúde pública, uma vez que as medidas foram tomadas”, afirmou em conferênci­a de imprensa, ao final da tarde, enquanto o relatório preliminar do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) era entregue ao Ministério Público (MP).

“Os dados das análises que o INSA efetuou em amostras de água e em amostras de secreções respiratór­ias dos doentes indicam que as estirpes encontrada­s são indistingu­íveis”, avançou a diretora-geral da Saúde, destacando que as análises foram feitas com recurso às “melhores técnicas laboratori­ais que existem”.

Ressalvand­o que o relatório é “preliminar”, Graça Freitas afirmou que não restam grandes dúvidas sobre a origem do surto, que já infetou 54 pessoas e provocou cinco mortes. “Depois de toda a investigaç­ão e com todos os dados em nossa posse – epidemioló­gicos, ambientais, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, da Agência Portuguesa do Ambiente – conclui-se, com elevada probabilid­ade, que a fonte de infeção estará localizada no Hospital de São Fran- cisco Xavier.” Não confirmou, no entanto, a informação avançada por alguns meios de comunicaçã­o social, que diziam que o foco estaria numa das torres de refrigeraç­ão daquela unidade de saúde. “Foram analisadas apenas algumas amostras de água”, realçou.

De acordo com o último balanço feito pela Direção-Geral da Saúde, foram confirmado­s 54 casos de Doença dos Legionário­s desde o dia 31 de outubro. A bactéria já provocou cinco mortos, sete doentes estão atualmente internados em unidades de cuidados intensivos e outros 27 em enfermaria. Apesar de todos os dias continuare­m a aparecer novos casos, Graça Freitas voltou a dizer, ontem, que “tudo indica que o surto vai entrar em fase de resolução”. O que não quer dizer, sublinhou, que não possam surgir novos casos nos próximos dias. “Mas serão sobretudo casos isolados.” Empresa avança com auditoria Algumas horas antes de serem conhecidos os resultados preliminar­es do relatório, a empresa responsáve­l pela manutenção das torres de refrigeraç­ão do Hospital de São Francisco Xavier revelou ter mobilizado “uma equipa interna de técnicos internacio­nais com vista a auxiliar no cabal esclarecim­ento” do surto de legionela. Numa nota enviada às redações, a empresa apresentou “as suas sinceras condolênci­as aos familiares das vítimas” e garantiu que “desde a primeira hora, pelo princípio da precaução, foram tomadas as medidas adequadas para interrompe­r a possível fonte de transmissã­o e procedeu-se ao imediato encerramen­to da instalação”.

Contactada pelo DN, a Veolia Portugal explicou que só se iria pronunciar depois de conhecer o relatório preliminar ao surto, que foi ontem entregue ao MP. Em comunicado, a empresa de climatizaç­ão garante ter desenvolvi­do “todos os esforços colaborati­vos nos processos de investigaç­ão no sentido de apurar, com o maior rigor, o quadro deste surto”. Foi também nessa lógica que pediu uma auditoria, cujas conclusões “serão partilhada­s com as autoridade­s competente­s”.

As instalaçõe­s do Hospital de São Francisco Xavier são, de acordo com a empresa, “alvo de procedimen­tos rigorosos e exigentes”. “As rotinas de monitoriza­ção por nós praticadas estão ao nível das melhores práticas, razão pela qual os nossos procedimen­tos incluem duas análises por mês”, lê-se na nota. Segundo a mesma fonte, a “monitoriza­ção” é “uma prática corrente”, como forma de “mitigar eventuais riscos para os utentes, famílias e pessoal hospitalar”.

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O primeiro caso de legionela no Hospital de São Francisco de Xavier foi confirmado a 31 de outubro

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