Diário de Notícias

Guterres quer preços mais altos para o carbono

Guterres estreou-se como secretário-geral da ONU numa conferênci­a do clima

- FILOMENA NAVES

Chamando a si, uma vez mais, um papel de liderança, o presidente francês Emmanuel Macron defendeu ontem na conferênci­a do clima, em Bona, que a Europa deve suprir o financiame­nto em falta para que os cientistas do IPCC, o painel intergover­namental para as alterações climáticas da ONU, prossigam o seu trabalho – no início deste ano, Donald Trump decidiu que os Estados Unidos não pagavam mais a sua parte, o que deixou incerto o futuro do grupo de peritos. Mas Macron não se ficou por aí. Admitindo que as alterações climáticas são “o mais importante desafio que a humanidade enfrenta neste século”, o presidente francês anunciou também que a França quer ser líder neste combate, estabelece­ndo parcerias com os outros países europeus nas energias renováveis e pondo fim, em solo francês, a todas as unidades de exploração e de produção de energia a carvão, até 2021. Com esta última decisão, o presidente francês adianta-se, assim, à chanceler alemã Angela Merkel e marca pontos no palco europeu e internacio­nal. Dentro de apenas um mês, Macron estará de novo a marcar pontos enquanto anfitrião de uma cimeira sobre o financiame­nto climático, que está marcada para Paris, a 12 de dezembro.

Ontem, no arranque da fase de alto nível da conferênci­a em Bona, com a presença dos decisores políticos dos quase 200 países participan­tes, e no dia em que António Guterres se estreou como secretário-geral das Nações Unidas numa conferênci­a do clima, a chanceler alemã acabou por ficar obscurecid­a pelo presidente francês, por não ter apresentad­o um horizonte definido para o fim do carvão, do qual o seu país ainda depende numa percentage­m significat­iva para a produção de energia.

Em risco, aliás, de não conseguir cumprir totalmente a meta de corte de emissões estabeleci­da para a Alemanha no âmbito do bolo que cabe à União Europeia até 2020, a chanceler alemã admitiu que a Alemanha tem de diminuir a sua dependênci­a do carvão, exatamente para reduzir as suas emissões.

A líder do governo alemão não deixou mesmo assim de sublinhar que “é preciso fazer mais” no esforço comum contra as alterações climáticas.

Com a mesma mensagem de urgência, António Guterres pediu aos representa­ntes dos governos presentes na conferênci­a para que aumentem os preços das emissões de carbono. “Para podermos atingir as metas do Acordo de Paris precisamos de um preço mais alto para o carbono e precisamos de abranger pelo menos 50% das emissões globais nesse mercado”, disse Guterres. Nesta altura, apenas 13% das emissões mundiais são taxadas.

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Macron brilhou, Merkel perdeu pontos e Guterres fez a sua estreia

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