Isabel dos Santos e Sonangol têm na Bolsa 3,3 mil milhões
Empresária vai deixar de controlar as posições que a Sonangol detém no BCP. E perde influência na Galp
O poder que Isabel dos Santos detinha na Bolsa portuguesa vai ficar bem menor depois de ter sido exonerada da presidência da Sonangol. A filha do antigo presidente era uma das investidores mais poderosas em Portugal, sendo a responsável por participações na Galp, no BCP e na NOS, que têm um valor de mercado, aos preços atuais, de mais de 3,3 mil milhões de euros. Mas agora perde influência na Galp e deixa de controlar a participação no BCP, no qual a Sonangol ainda tem decisões a tomar. Fica apenas com a parceria com a Sonaecom na NOS.
Os analistas contactados pelo DN/Dinheiro Vivo referiram que ainda é cedo para se perceber potenciais implicações destas mudanças na petrolífera angolana nos investimentos em Portugal, já que não existe qualquer informação sobre as orientações que a nova administração da Sonangol vai tomar. Um dos dossiês em aberto é a posição da Sonangol no BCP, banco em que foi durante algum tempo acionista maioritário. Com a entrada da chinesa Fosun perdeu esse estatuto, mas a empresa angolana pediu autorização ao BCE para aumentar a posição atual, de 15,24%, para até 30% em 2017.
As mudanças na gestão ocorrem perto do final do prazo para o fazer. No mês passado, Isabel dos Santos tinha dito, citada pela Lusa, que a posição era para manter e que a relação com o banco português era para reforçar e continuar. A posição da Sonangol no BCP vale mais de 575 milhões de euros.
A participação angolana mais valiosa em Portugal é na Galp. A Esperanza Holding, uma entidade controlada pela Sonangol mas que tem também Isabel dos Santos como investidora, detém 45% da Amorim Energia, entidade que controla cerca de 33% da Galp. Essa posição indireta está avaliada em 1,98 mil milhões de euros. E se Isabel dos Santos tinha poder absoluto nessa posição, poderá perdê-lo para a nova gestão da Sonangol. Apesar da menor influência, Isabel dos Santos continua com uma posição significativa na NOS. Detém, em parceria com a Sonaecom, a Zopt, entidade que detém 52% da empresa de telecomunicações. A posição indireta da empresária na NOS está avaliada em 717 milhões de euros. Detém ainda a Efacec e parte do Euro BIC.
Apesar de ter sido um símbolo da riqueza angolana, a Sonangol tem passado por dificuldades financeiras nos últimos anos, devido à queda dos preços do petróleo. Em 2016, o resultado encolheu 72%, para 13,3 mil milhões de kwanzas (cerca de 68 milhões de euros ao câmbio atual). A administração liderada por Isabel dos Santos ordenou auditorias internas que revelaram uma situação financeira mais grave do que o antecipado e avançou com planos de reestruturação, recentrando os negócios, para tentar melhorar a rentabilidade da joia da coroa da economia angolana. A nomeação de Carlos Saturnino, que tinha sido demitido pela empresária, deixa uma incógnita sobre o futuro da petrolífera. R.B.