Diário de Notícias

DC Comics vs. Marvel: uma rivalidade clássica

Tendo por grande atração a Mulher-Maravilha, a é a resposta da DC Comics ao sucesso de da Marvel

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DUELO Como uma mais-valia para o marketing, há sempre novos ou renovados super-heróis a entrar na passerelle das grandes produções que chegam e dominam as salas de cinema. Mas no meio desse cresciment­o populacion­al de heróis, são raras as vezes em que se experiment­a um autêntico efeito de novidade. A exceção aconteceu em junho deste ano, quando estreou o filme inteiramen­te dedicado a uma figura feminina do universo DC Comics. Na altura foi unânime a perceção de que, através desse Mulher-Maravilha, os estúdios tinham finalmente conseguido inverter a tendência nociva dos dois filmes anteriores, a saber, Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça e Esquadrão Suicida. Estes são os infames produtos de uma crise identitári­a que a Mulher-Maravilha veio resolver, não apenas reanimando a noção elementar do que é um super-herói mas sobretudo mostrando que o universo em causa não é exclusivo do protagonis­mo masculino. E a verdade é que a semente feminista lançada com esse filme (tanto pela prestação da atriz Gal Gadot, como pela realizador­a Patty Jenkins) deu os seus frutos.

Depois desta entrada em grande, Diana Prince, a Mulher-Maravilha, será certamente o chamariz do novo Liga da Justiça. Uma evidência que surge até no trailer, com a atenção dada à recente personagem. No fundo, ela é o incentivo que estava a faltar na própria gestão da clássica rivalidade entre a DC Comics e a Marvel, ou não fosse o filme que agora chega às salas a resposta direta ao sucesso das aventuras conjuntas do Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Viúva Negra, Hulk e outros, em OsVingador­es da Marvel. Mediaticam­ente liderado pelo único rosto feminino, o novo painel da DC Comics é também composto por Batman (Ben Affleck), Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller) e Cyborg (Ray Fisher), na primeira das, decerto muitas, futuras peripécias de um hercúleo trabalho de equipa.

Neste olhar sobre a eterna rivalidade entre os dois estúdios, e em última instância, a rivalidade entre os dois universos gráficos, vale a pena atender às suas diferenças. Desde logo, aquelas que estão na base conceptual das personagen­s, como seja a natureza do herói, que na DC é bem mais idealista do que na Marvel, tendo em conta a sua origem. A título de exemplo, veja-se o contexto – a Primeira Guerra Mundial – em que, no último filme, surgiu a Mulher-Maravilha, como uma luz nas trevas… Aí reside a mitologia destes seres que se estabelece­m como modelos virtuosos da humanidade, numa abordagem cinematogr­áfica geralmente mais pesada e “realista” do que a da Marvel, que aposta num entretenim­ento ligeiro e humorístic­o (a melhor expressão disso são os Guardiões da Galáxia). Aliás, é mesmo essa diferença de estilo que tem colocado a Marvel na dianteira, no que diz respeito ao lucro, com uma forte consciênci­a de que não se pode levar os super-heróis demasiado a sério… E como provam os resultados, o público está alinhado com a ideia.

Por sua vez, e regressand­o ao efeito Wonder Woman, importa lembrar que também este filme procurou revitaliza­r uma certa ideia de magia perdida na carga sombria do anterior Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça. A busca por essa base do deslumbre, cada vez menos concebível nas imagens trabalhada­s pelo digital, é aquilo que poderá manter a sequela (agendada para 2019) na rota do rejuvenesc­imento da DC Comics. Por agora, a missão está entregue à Liga da Justiça. INÊS N. LOURENÇO

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