Manuel Fernandes foi quem melhor aproveitou a chamada
Médio do Lokomotiv foi, para Simões e Boa Morte, quem mais terá baralhado as contas a Fernando Santos
SELEÇÃO Manuel Fernandes vai chegar a junho com 32 anos e sem competir em jogos oficiais da seleção desde setembro de 2010, mas terá reforçado as hipóteses de ser convocado para o Mundial do próximo ano depois das exibições nos recentes particulares diante da Arábia Saudita e Estados Unidos. O médio do Lokomotiv Moscovo foi titular em ambos os encontros, apontou o golo inaugural frente aos asiáticos e demonstrou que pode replicar o que tem feito no clube – nove remates certeiros em 21 partidas em 2017/18 – na equipa das quinas.
Para o antigo extremo Luís Boa Morte, 40 anos, que esteve no jogo de estreia do centrocampista pela seleção nacional – derrota no reduto da República da Irlanda, a 9 de fevereiro de 2005 (0-1) –, o antigo jogador de Benfica, Portsmouth, Everton, Valência e Besiktas foi quem aproveitou melhor a oportunidade nestes dois particulares, entre os que habitualmente não são chamados. “Esteve muito bem e talvez tenha sido quem mais se tenha destacado”, considerou o atual olheiro do Arsenal ao DN. “Estou muito contente pelo Manuel Fernandes. Tem muita qualidade e mostrou que pode ser uma opção válida”, acrescentou o antigo internacional português por 28 vezes (e um golo apontado), que esteve presente no Mundial 2006.
Opinião semelhante tem António Simões, 73 anos, que acrescenta o nome de Gonçalo Guedes. “Foi uma boa ideia alargar o leque de observação, até porque é na competição, nos treinos e durante o estágio que se pode tirar ilações, até para se conhecer a personalidade de todos os jogadores. Foram dois jogos interessantes, um mais competitivo diante dos Estados Unidos, e que criaram uma ou outra dúvida, mas não mais do que isso. Só Manuel Fernandes e Gonçalo Guedes apresentaram argumentos”, considerou o antigo extremo, um dos principais craques da seleção nacional que brilhou no Campeonato do Mundo de 1966.
“Gonçalo Guedes continua a ter toda a irreverência mas parece que cresceu na tomada de decisão, no chamado último toque”, analisou o antigo futebolista, acerca de um atacante que tem estado em destaque no Valência, onde chegou no início desta época por empréstimo do PSG. “Manuel Fernandes é hoje um jogador completamente estabilizado, feito e sem defeitos. O selecionador sabe que tem nele um jogador experiente e com qualidade”, considerou o magriço ao nosso jornal. “De resto, há dois ou três que foram chamados que não têm nível para jogar na seleção A. Só foram internacionais nestas circunstâncias”, acrescentou o antigo jogador de Benfica. Poucos centrais e muitos médios António Simões acredita que as declarações de Fernando Santos, que disse que só Cristiano Ronaldo estava garantido na convocatória final, “é uma mensagem para dentro e para fora”. “É preciso criar dúvidas, mas todos sabemos que jogadores como Rui Patrício, Pepe, William e outros, se estiverem em condições, vão estar entre os 23”, considerou o antigo internacional em 46 ocasiões (três golos).
Para o magriço, “a posição mais complicada neste momento e de futuro é a de central”. “Temos gente para a posição de lateral esquerdo, mas não temos fartura. Para o meio-campo temos abundância de escolhas. Não vejo um ponto fraco a não ser a posição de central”, acrescentou.
“A abundância de médios de qualidade” vai ser, para Boa Morte, uma das principais dores de cabeça do selecionador. Um problema que também se aplica ao lado direito da defesa. “Há três ou quatro laterais de grande qualidade”, atirou o antigo futebolista de Arsenal, Southampton, Fulham e West Ham. DAVID PEREIRA