Líder mafioso Totò Riina morreu mas a Cosa Nostra ainda mexe
Tinha 87 anos e cumpria 26 penas de prisão perpétua por ser o mandante de mais de cem homicídios. Conhecido pela crueldade, não se arrependia da sua carreira na máfia siciliana
ANA MEIRELES Salvatore Totò Riina, o mais poderoso chefe da máfia siciliana do século XX, morreu na madrugada desta sexta-feira na ala prisional de um hospital em Parma. Preso desde 1993, cumpria 26 penas de prisão perpétua por ter ordenado, entre 1969 e 1992, mais de cem homicídios, entre os quais os famosos juízes antimáfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino.
Riina, que tinha feito 87 anos na quinta-feira, tinha sido submetido a duas cirurgias nas últimas semanas devido a um cancro. Depois da última, entrou em coma. A sua família teve, por isso, autorização para estar junto a ele na quintafeira, adiantou ontem o Ministério da Justiça italiano. No entanto, nenhum dos quatro filhos estiveram nessa visita: o mais velho cumpre uma pena de prisão perpétua por quatro homicídios e o mais novo está sob vigilância depois de ter cumprido oito anos de prisão por associação mafiosa. As duas filhas não têm antecedentes criminais.
Os seus advogados de defesa chegaram a tentar, sem sucesso, que passasse a estar em prisão domiciliária para ter “uma morte digna” junto dos seus familiares, um pedido recusado pela Justiça, alegando que ele era ainda uma “mente perigosa”.
Embora preso desde 15 de janeiro de 1993 e com uma saúde muito debilitada, Totò Riina era ainda considerado o líder da Cosa Nostra, o chefe dos chefes da máfia siciliana. Conhecido como “A Besta” por causa da sua crueldade, Riina começou a sua carreira no mundo do crime nas ruas de Corleone – cidade da Sicília imortalizada pelo livro O Padrinho, de Mario Puzo, e os filmes homónimos de Francis Ford Coppola – após a II Guerra Mundial, tendo chegado ao topo da hierarquia da Cosa Nostra em 1982.
E até 1993, ano em que foi preso, instaurou um clima de terror e crueldade na Sicília, sendo responsável pelo período de maior poderio económico da Cosa Nostra, com o tráfico de heroína para a costa leste dos Estados Unidos e controlando os poderes políticos em Palermo e Roma.
Um dos exemplos da crueldade de Riina é a forma como um dos filhos entrou formalmente na Cosa Nostra. O jovem tinha 17 anos quando o pai lhe ordenou que estrangulasse um empresário que tinham raptado.
Esta crueldade acabou por precipitar o seu fim, pois nos anos 80 e 90 muitos elementos da Cosa Nostra quebraram o código de silêncio da máfia siciliana e testemunharam contra ele, permitindo a Giovanni Falcone e Paolo Borsellino acusar os líderes da organização pelos crimes cometidos pelos seus soldados.
A detenção de Totò Riinna em 1993, após mais de 20 anos em A consultora BMI Research considera que a Sonangol continuará a ser uma empresa “opaca e ineficiente”, apesar da substituição de Isabel dos Santos por Carlos Saturnino, e antecipa que Angola continuará a ser um ‘petro-Estado’.
“Prevemos que a Sonangol vá continuar a ser uma instituição opaca e ineficiente no curto a médio prazo, com diversas companhias petrolíferas internacionais a não trabalharem com a petrolífera estatal”, lê-se num relatório divulgado ontem por esta consultora do grupo Fitch.
Os analistas explicam que a exoneração, decretada pelo presidente João Lourenço, “marca a primeira movimentação política direta contra Eduardo dos Santos”, mas salientam não esperarem mais mudanças. “Não esperamos que isto signifique grandes desafios ao modelo de petro-Estado desenvolvido pelo seu antecessor, e também não vemos qualquer momento reformista nestas mudanças de pessoas.” A análise da consultora assenta no facto de a Sonangol ter “feito um progresso lento para ser mais transparente e cumprir os padrões” de boa governação. É ainda salientado que não deverá ocorrer “novos investimentos no setor, que precisa desesperadamente de impedir novos declínios nos poços petrolíferos”. Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África, atrás da Nigéria, representando a venda daquele mais de 95% nas exportações do país.
Afastada esta semana da administração da Sonangol, Isabel dos Santos reapareceu ontem em público para a inauguração, em Luanda, de uma unidade industrial destinada à produção de uma nova marca de cerveja angolana, Luandina, através da Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (Sodiba), que mantém a produção da Sagres. Ainda no quadro das mudanças em curso e relacionadas com a família do ex-presidente Eduardo dos Santos, o Fundo Soberano, dirigido por José Filomeno dos Santos, emitiu ontem um comunicado negando a demissão deste, como foi divulgada por alguma imprensa angolana.