Diário de Notícias

Autarquias vão poder integrar precários já em 2018

Há mais de 15 mil precários a trabalhar em municípios, empresas municipais e freguesias. O governo terminou o levantamen­to e há um diploma no Parlamento que abre a porta à sua integração.

- PAULA SÁ

As autarquias e o setor empresaria­l local vão poder integrar pessoas com vínculos precários já em 2018. O governo integrou uma norma no diploma que estabelece o programa de regulariza­ção extraordin­ária dos vínculos precários no Estado que se aplica ao poder local. Sem este enquadrame­nto legal, os municípios e juntas de freguesia não poderiam ter o seu plano de regulariza­ção especial como já está a decorrer para a administra­ção pública.

O diploma foi aprovado em outubro, mas está em redação final na Assembleia da República. Quando for promulgado e publicado, as autarquias poderão desencadea­r o processo para integrarem nos quadros os trabalhado­res precários que entenderem ser necessário­s.

O levantamen­to sobre os funcionári­os nesta situação – que o Conselho de Ministros determinou em fevereiro deste ano e que teria de estar concluído até 31 de outubro – está feito. O ministro da Administra­ção Interna, Eduardo Cabrita, que manteve a tutela do poder local, anunciou quinta-feira no Parlamento que há 15 549 pessoas com vínculos precários nas autarquias.

São 298 municípios, dos 308, e em 1872 freguesias, de 3092, em que foram identifica­das situações de trabalho a tempo inteiro com vínculos precários. No relatório da Direção-Geral das Autarquias Locais, a que o DN teve acesso, a maioria dos precários trabalha para as câmaras municipais, na ordem dos 9479 postos de trabalho (61%). Nas freguesias, só 5387 postos de trabalho são deste tipo (35%). Os serviços municipali­zados, as empresas intermunic­ipais e locais têm uma margem mais residual deste tipo de trabalhado­res, num total de 683.

A maioria dos precários do poder local são assistente­s operaciona­is (72%), técnicos superiores (15%) e assistente­s técnicos (12%). Concentram-se sobretudo em tarefas de higiene, limpeza e manutenção de espaços verdes e na educação.

O diploma que regulariza a situação dos precários ao serviço do Estado ainda não saiu do Parlamento, o que não impediu que tenha sido já posto em marcha o programa de candidatur­as à vinculação dos precários da administra­ção central, estimados em 116 mil trabalhado­res. Ontem, aliás, completou-se a segunda fase de candidatur­as à vinculação, sendo que, na primeira , os pedidos de integração nos quadros do Estado chegaram apenas aos 30 mil. Os candidatos podiam requerer a integração em papel ou submeter o seu pedido no site www.prepav.gov.pt.

A lei abrange as pessoas que exerçam ou tenham exercido funções que correspond­am a necessidad­es permanente­s de órgãos ou serviços da administra­ção pública, de autarquias locais, de entidades do setor empresaria­l do Estado ou do setor empresaria­l local, com horário completo, sujeição ao poder hierárquic­o, à disciplina ou direção desses órgãos, serviços ou entidades, sem vínculo jurídico adequado. “No período entre 1 de janeiro de 2017 e 4 de maio do mesmo ano, ou parte dele, e durante pelo menos um ano à data do início do procedimen­to de regulariza­ção”, diz o diploma.

Eduardo Cabrita garantiu no Parlamento, durante a audição da proposta de Orçamento do Estado para 2018, que os funcionári­os do poder local irão “beneficiar das regras que estão definidas” para a administra­ção central. Mas advertiu que a decisão de quem será integrado nos quadros será da inteira responsabi­lidade das autarquias. “Há uma avaliação caso a caso, que tem de ser feita à escala local, porque a autonomia local não permitirá que existam as comissões paritárias com intervençã­o governamen­tal. Isso seria uma grosseira violação da autonomia local”, afirmou.

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Eduardo Cabrita sublinha que autarquias têm total autonomia para decidir sobre os seus precários
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