Diário de Notícias

Corte de 10% vai acabar para todos e o valor vai ser reposto em janeiro

Desemprega­dos que já tiveram um corte de 10% no subsídio vão ver reposto o valor inicial da prestação a partir de janeiro de 2018. Previsão do défice passa para 1,1%

- SUSETE FRANCISCO

Os beneficiár­ios do subsídio de desemprego que já tiveram um corte de 10% vão ver a prestação subir em janeiro do próximo ano. O PS garantiu ontem que viabilizar­á as propostas do Bloco de Esquerda e PCP que determinam o fim do corte que é feito, atualmente, após os primeiros seis meses de atribuição do subsídio, uma medida imposta no tempo da troika. No caso da proposta dos bloquistas, o texto é claro a sustentar que a medida se aplica aos “atuais beneficiár­ios”. Ou seja, quem ainda não cumpriu os 180 dias não verá o corte aplicado. E quem já passou este prazo e sofreu um corte na prestação verá o montante de 10% reposto a partir de janeiro de 2018.

Encerrado o prazo, na noite de ontem, para apresentaç­ão de propostas de alteração ao Orçamento do Estado para o próximo ano, as alterações com maior impacto orçamental prendem-se com a prevenção e combate aos incêndios e obrigam à revisão do valor do défice, com a previsão para 2018 a subir de 1% para 1,1%. De acordo com o líder parlamenta­r socialista, Carlos César, o conjunto das medidas previstas terá um impacto global de 688 milhões de euros (cerca de metade já constava da versão inicial do OE). De acordo com João Galamba, vice-presidente da bancada parlamenta­r socialista, o impacto direto no défice, no próximo ano, será na ordem dos 119 milhões de euros. Um valor que se traduzirá no aumento de uma décima face ao valor do défice que está previsto na versão inicial do Orçamento do Estado.

Incêndios Entre as propostas de alteração ao Orçamento ontem apresentad­as pelos socialista­s conta-se uma nova dotação de 186 milhões de euros para financiame­nto das despesas com indemnizaç­ões, apoios, prevenção e combate aos incêndios. A verba ficará centraliza­da no Ministério das Finanças e destina-se a fazer face às “indemnizaç­ões decorrente­s das mortes das vítimas dos incêndios florestais” de Pedrógão Grande e de 15 de outubro; à “recuperaçã­o das áreas afetadas” pelos dois incêndios; ao “programa de apoio à construção e reconstruç­ão de habitações permanente­s danificada­s ou destruídas” pelos fogos; e à compartici­pação do “programa de apoio à reposição dos equipament­os públicos municipais” nos concelhos afetados.

Já no capítulo da prevenção e combate aos incêndios, parte daquela dotação será afeta à “criação de instrument­os para a intervençã­o pública na gestão ativa da floresta e na estabiliza­ção dos mercados de produtos florestais”, à criação da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais e do Laboratóri­o Colaborati­vo, e à criação de mecanismos de redundânci­a na rede SIRESP – medidas anunciadas pelo governo após o Conselho de Ministros extraordin­ário de 22 de outubro último.

Mas, na votação na especialid­ade do OE, os socialista­s terão em cima da mesa muitas outras propostas relativas aos incêndios. A começar pelas do PCP, que ontem avançou com um pacote de 44 medidas para a prevenção e combate aos fogos, num montante que ascende a quase 800 milhões de euros – 50 milhões para indemnizaç­ões às famílias das vítimas mortais e aos feridos graves. Na conferênci­a de imprensa em que apresentou as medidas, João Oliveira, líder parlamenta­r comunista, não adiantou se alguma das propostas apresentad­as está já concertada com o governo, afirmando apenas que há “diferenças de perspetiva” em várias matérias, nomeadamen­te quanto a iniciativa­s de carácter mais estrutural. No total, adiantou João Oliveira, o PCP apresentou 126 propostas de alteração ao Orçamento do Estado.

Mexidas nos recibos verdes Tem sido um dos assuntos mais polémicos desde a entrega do OE na Assembleia da República, e ontem o PS avançou com propostas de alteração quanto ao regime simplifica­do de IRS para os recibos verdes. Com a mudança que vai ser introduzid­a na especialid­ade, os trabalhado­res independen­tes com rendimento­s anuais até “cerca de 27 mil euros” não terão de justificar despesas para beneficiar­em totalmente das deduções ao rendimento tributável. De acordo com uma nota ontem emitida pelo Ministério das Finanças, devido à aplicação de uma dedução automática de 4104 euros “apenas os contribuin­tes com rendimento­s superiores a cerca de 27 mil euros terão de justificar parte das despesas”.

Compensaçã­o para pensionist­as Outra alteração que avança agora e que, de acordo com o Bloco de Esquerda, terá aprovação dos socialista­s, passa pelo alargament­o do complement­o solidário para idosos (CSI) aos pensionist­as que o Bloco chama de “lesados de Mota Soares” (ex-ministro da Segurança Social do governo PSD-CDS). Ou seja, que pediram a reforma antecipada após 2014 e até 2016, sofrendo um duplo corte que, nas contas dos bloquistas, chegou em alguns casos aos 70% do valor da reforma. O BE queria ir mais longe – e insistirá ainda na especialid­ade –, mas não teve o acordo do ministro Vieira da Silva. No total, os bloquistas avançaram com cerca de uma centena de propostas de alteração ao OE.

Quem pediu a reforma antecipada nos anos da troika e ficou com uma pensão muito baixa vai poder recorrer, no próximo ano, ao CSI

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Previsão do défice feita por Mário Centeno para o próximo ano sobe de 1% para 1,1%

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