“Há uma campanha global anti-Rússia”
Se de um lado se acusa a Rússia de interferir e condicionar as eleições nos EUA (e não só), com recurso a hackers e à divulgação massiva de fake news, do outro devolvem-se as acusações. “Existe uma enorme campanha global anti-Rússia”, diz Alexander Bikantov, chefe do Departamento de Imprensa e Informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Rússia.
A afirmação foi feita pelos responsáveis das relações do MNE russo com os órgãos de comunicação social, num encontro com jornalistas, no início do mês, em Moscovo – e no qual o DN esteve presente. O ministério dirigido por Serguei Lavrov está preocupado com a imagem do país no exterior. E vai mesmo criar novas ferramentas para desmentir as notícias falsas que diz serem publicadas nos media ocidentais. “Temos um projeto fake news, para expor notícias que contam mentiras sobre a Rússia”, explica Serguei Nalobin, da divisão digital do departamento de Imprensa e Informação. Será criada uma secção na site do MNE, “para ter possibilidade de reagir, algo do qual somos privados, infelizmente, porque muitos jornalistas esquecem-se de pedir a nossa visão dos factos”, esclarece.
A preocupação russa é poder mostrar a sua versão dos acontecimentos – quanto ao assunto mais falado dos últimos meses, Nalobin garante que “não há provas sólidas de que a Rússia interferiu nas eleições dos EUA”. “Só queremos mostrar o nosso ponto de vista, mostrar o outro lado”, sublinha Bikantov. Para isso, neste cenário de “falta de confiança” mútua entre Ocidente e Rússia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros não descura qualquer ferramenta para limpar a sua imagem.
Qualquer notícia ou opinião que lese os interesses russos pode ter resposta imediata nas redes sociais da internet. “Temos sempre um diplomata a monitorizar as redes sociais, mesmo depois do horário de trabalho, para responder prontamente”, conta Serguei Nalobin. “É uma pequena equipa a fazê-lo, mas somos entusiásticos com o nosso trabalho”, conclui.