Prazo chega ao fim com impasse para formar coligação
ALEMANHA Fracasso nas negociações entre CDU, FDP e Verdes implicaria novas eleições ou um governo minoritário – inédito no pós-guerra Depois de na sexta-feira as negociações se terem prolongado madrugada dentro e terem terminado sem acordo para uma coligação de governo na Alemanha, onde um novo prazo chegou ao fim e o impasse manteve-se. A chanceler Angela Merkel, cujos cristãos-democratas da CDU venceram as eleições de 24 de setembro mas sem maioria, não conseguiu ultrapassar as divergências com os liberais do FDP e com os Verdes. A imigração é um dos temas que estão a causar mais entraves.
Depois do mau resultado eleitoral, os sociais-democratas do SPD e o seu líder, Martin Schulz, recusaram repetir a Grande Coligação dos últimos quatro anos e deixar a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) a liderar a oposição. Merkel viu-se assim obrigada a negociar com o FDP de Christian Lindner e com os Verdes, liderados por Katrin Göring-Eckardt e Cem Özdemir para formar a chamada coligação Jamaica (as cores dos três partidos correspondem às da bandeira daquele país). Uma conjugação inédita a nível nacional.
Um fracasso nas negociações implicaria a realização de novas eleições ou um governo minoritário (algo que nunca aconteceu na Alemanha do pós-guerra). E se Merkel precisa desesperadamente de conseguir uma coligação Jamaica, tanto o FDP, regressados ao Parlamento após quatro anos de fora, como os Verdes, afastados do poder há 12 anos, não parecem dispostos a grandes cedências.
E a própria CSU, a irmã bávara da CDU e parceira do partido de Merkel, tem-se mostrado intransigente no que se refere à imigração. O partido liderado por Horst Seehofer receia que o seu falhanço em impor um limite à imigração (200 mil entradas por ano) venha dar mais força à extrema-direita na Baviera, que vai a votos no próximo ano. O seu pior pesadelo é ver a AfD afastar a CSU do poder naquele estado, onde governa há 60 anos. Ora se o FDP exige mais cortes nos impostos, é a imigração que divide mais os parceiros, com os Verdes a recusarem um limite e a quererem manter a lei que permite aos requerentes de asilo trazer as famílias.