Diário de Notícias

Quando o mar corre para a torneira

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DESSALINIZ­AÇÃO As torneiras de Porto Santo, na Madeira, das ilhas Canárias e Baleares, em Espanha, da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, dos Estados Unidos, de Israel, do Japão e do Koweit já há muito que vertem água do mar, depurada do sal e de outros minerais e elementos que não são desejáveis. Aliás, a lista de países, sem ter em conta os continente­s, que utilizam a água do mar para consumo, através da dessaliniz­ação, tem aumentado significat­ivamente nos últimos anos. Estima- se que nos últimos 30 anos tenham sido criadas cerca de 15 mil fábricas destas em mais de 25 países, tendo a produção de água dessaliniz­ada passado de oito para 60 milhões de metros cúbicos por dia.

A ideia de dessaliniz­ação é muito antiga. Há milhares de anos os marinheiro­s usavam a evaporação solar para separar o sal da água do mar. Agora, as fábricas usam outras técnicas, como a osmose inversa, destilação, dessaliniz­ação térmica e congelamen­to. A primeira é a mais utilizada e consiste em realizar a passagem da água salgada através de membranas de fibra oca, nas quais existem poros microscópi­cos que separam o sal de todas as impurezas presentes na água, que ficam presas nos pequenos poros.

Outra técnica muito usada por alguns países, sobretudo os do Médio Oriente – por terem maiores reservas energética­s –, é a da destilação, através da qual a água salgada é aquecida num balão de destilação e, ao evaporar, passa por um condensado­r de arrefecime­nto e por água corrente. Após a condensaçã­o, o vapor volta ao estado líquido, já separado do sal, que fica no balão de destilação. O país que mais investe nesta técnica é Israel, que em 2010 inaugurou a maior fábrica do mundo, em Haifa. Com a sua produção pode abastecer quase um sexto da população de todo o país.

Mas a dessaliniz­ação também tem sido contestada, sobretudo pela sua sustentabi­lidade e garantia de manutenção. “As pessoas deviam optar pela dessaliniz­ação quando não têm mais opções, mas o problema é que o mundo inteiro está a ficar sem opções: as águas subterrâne­as são sobre- exploradas, estão a ficar salgadas e inutilizáv­eis; os rios estão a ser drenados; as barragens estão a tornar- se cada vez menos viáveis”, comentou Christophe­r Gasson, investigad­or e responsáve­l da organizaçã­o britânica Global Water Intelligen­ce ao jornal britânico The Guardian.

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