Sucesso da Tunísia não afetará Portugal
› “A estabilização do Mediterrâneo será sempre bom para a Europa e para Portugal”, disse ontem o ministro da Economia, Caldeira Cabral, questionado sobre os efeitos nas receitas do turismo português daquele que é agora um clima político mais saudável na região. E defendeu: “Não precisamos que nada corra mal aos outros para nos correr bem a nós”. Nos últimos anos, e após a saída do presidente Zine El Abidine Ben Ali, a Tunísia deu início a um processo de mudança, que foi notado também por António Costa, que sublinhou “o sucesso da transição democrática no mundo árabe”, falando mesmo numa “enorme admiração” sentida pelos portugueses. Ainda assim, e mesmo desde o fim da ditadura, os perigos não deixam de fazer parte do quotidiano da região, com o crescimento de movimentos ‘ jihadistas’. É também nesse sentido que vai a cooperação entre Portugal e a Tunísia, em áreas como a segurança e prevenção da radicalização. “facilidades” que Portugal oferece “no regime de concessão de vistos” para a entrada de estudantes provenientes das Tunísia.
Mas, se essas são dimensões que o governo português quer ver aprofundadas, outra existe que, aparentemente, muito está a fazer pela amizade entre os dois países: Cristiano Ronaldo. E se, no início da conversa com os alunos, António Costa tinha, desde logo – e antes de abordado o assunto –, deixado claro que não era o jogador português, mas sim o governante, que estava na sala de aula a responder às questões, pouco depois voltou a ser Ronaldo a dominar a conversa.
“Pode, por favor, fazer uma visita com ele à Tunísia?”, perguntou um dos alunos, com o primeiroministro, sem deixar qualquer promessa, a afirmar que o jogador poderia estar presente no momento em que for agendado um jogo da seleção nacional portuguesa com a seleção da Tunísia.
“Vocês não podem imaginar o que é o impacto de Cristiano Ronaldo na Tunísia. Ele é amado aqui. Se viesse cá era um deus”, diz- nos no final da aula o professor José Paulo Santos, que sublinha, no entanto, que, quando chegou ao país da África do Norte, percebeu que os tunisinos “pouco ou nada sabiam” sobre Portugal, “nem mesmo a capital”.
Depois da passagem pelo Liceu Sadiki – e no mesmo dia em que teve um breve encontro à porta fechada com o presidente da Assembleia dos Representantes do Povo, em Tunes, António Costa, acompanhado de perto pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, pelo ministro da Economia, Caldeira Cabral, e pelo titular da pasta da Administração Interna, Eduardo Cabrita, assinou, durante a 4. ª Cimeira Luso- Tunisina, quatro acordos de cooperação nas áreas da Proteção Civil, dos Transportes, do Emprego e Formação Profissional e do Ensino Superior e Investigação Científica.
“Não somos só bons vizinhos da Tunísia. Somos, em cada dia que passa, amigos mais fortes da Tunísia”, sublinhou, no final do encontro, António Costa, lado a lado com o primeiro- ministro tunisino, Youssef Chahed, com o líder do governo português a salientar que as exportações para a Tunísia “têm aumentado significativamente” e que Portugal é “um dos poucos países europeus com investimento estrangeiro tunisino” no seu país.
Ouvido à margem da cimeira sobre os acordos de cooperação, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, deu conta de que foi assinado um protocolo de “partilha de experiências” na área da Proteção Civil, que terá em conta a “preparação de resposta a catástrofes” e a “preparação comum para zonas de risco”, como é o caso do Mediterrâneo.