Uma em cada dez crianças vive sem cuidados dos pais
Lançada campanha internacional sobre abandono infantil
As Aldeias Crianças SOS lançaram ontem uma campanha internacional de sensibilização contra o abandono infantil. Dos cerca de dois mil milhões de crianças em todo o mundo, estima- se que uma em cada dez ( 220 milhões) viva sem os cuidados de um pai ou de uma mãe.
Para sensibilizar para esta realidade e evitar que as crianças cresçam sem atenção por parte dos adultos, as Aldeias de Crianças SOS em Portugal criaram a ação “1 hora pelas crianças”. O desafio é que empresas e particulares se juntem a esta causa e doem o valor simbólico equivalente a uma hora de trabalho, no mínimo de dez euros, explica a associação em comunicado.
Luís Cardoso Meneses, secretário- geral das Aldeias de Crianças SOS em Portugal, explica ao DN que “esta hora deve materializar- se em qualidade vivida junto da família: filhos, sobrinhos, netos ou amigos”, o que a associação quer é “valorizar o tempo dedicado a todas as crianças”.
A campanha que decorre até ao Natal tem como objetivo a sensibilização da população para a importância de melhorar a qualidade de vida das crianças institucionalizadas, por abandono dos pais ou porque foram separadas dos progenitores por negligência ou rejeição.
A campanha procura ainda desafiar as crianças a partilharem uma imagem que mostre como é que os pais se preocupam com elas. Os mais jovens devem ser consciencializados para “o problema das outras crianças”, mas tendo em contra a sua própria dinâmica familiar. Ou seja, perceberem a importância do tempo que os pais lhes dedicam e assim serem sensibilizados para o problema do abandono infantil.
Luís Meneses conta, a título de exemplo, que o conceito base das Aldeias Crianças SOS assenta em três pilares fundamentais: mãe, casa e irmãos. Os irmãos estão sempre juntos nestes lares, num “ambiente protetor mas que não isola”. Afirma ainda que “os miúdos vão à escola e têm as suas atividades extracurriculares”, ajudando- as a moldar um futuro e inserindo- os positivamente em comunidade.
Na aldeia existem dois programas fundamentais que dão apoio a cerca de 300 crianças em Portugal: um de proteção e outro de prevenção. O primeiro funciona como instituição de acolhimento para crianças que são retiradas das famílias. O outro trabalha com as mesmas para evitar que as crianças tenham de abandonar as suas casas. O objetivo é dar competências para evitar estas situações.
“Segundo dados da Segurança Social em Portugal, 8175 crianças foram retiradas às famílias no ano passado por motivos de rejeição, abandono ou negligência, o que é uma situação muito complicada apesar de ter vindo a diminuir gradualmente”, conclui o responsável.