Diário de Notícias

Manson morreu aos 83 anos e o resto da família tenta sair em liberdade

EUA O procurador que acusou Charles Manson dizia que ele era uma “metáfora do mal”. Foi autor moral de nove mortes nos anos 1960

- ANA MEIRELES

Em duas noites de agosto de 1969, os seguidores de Charles Manson mataram sete pessoas, numa combinação de alvejament­os, esfaqueame­ntos, espancamen­tos e enforcamen­tos, o ponto alto de uma série de crimes que tinham começado com duas outras mortes antes destes eventos. Manson morreu no domingo, aos 83 anos, de causas naturais num hospital da Califórnia. Grande parte da chamada Família Manson continua viva, na prisão, mas a tentar sair em liberdade.

Charles Manson estava a cumprir uma pena de prisão perpétua pela autoria moral do assassínio de nove pessoas, incluindo a atriz Sharon Tate, a mulher do realizador Roman Polanski, que estava grávida de oito meses e meio. Uma pena que foi também sentenciad­a a quatro dos elementos da família. Depois de a Califórnia deixar de ter pena de morte, em 1972, foram reduzidas para perpétua.

“O nome de Manson tornou- se uma metáfora do mal”, disse ao Los Angeles Times, em 1994, Vincent Bugliosi, o procurador que acusou Manson, considerad­o um dos maiores criminosos do século XX ao conseguir que um grupo de pessoas matasse sete pessoas, numa tentativa de iniciar uma guerra racial nos Estados Unidos.

Na sua maioria, a chamada Família Manson era composta por jovens mulheres oriundas da classe média e alta que tinham fugido para viver com o seu líder numa cidade perto de Los Angeles.

Um dos três homens da família, Charles Watson, de 71 anos, define- se como o braço direito de Manson. Ele e três jovens são os autores das mortes em casa de Tate e do casal La Bianca. Continua preso, tendo- lhe sido já recusada várias vezes a liberdade condiciona­l. Em 1981, tornou- se pastor, numa conversão ao cristianis­mo seguida por outros membros.

Susan Atkins morreu de cancro na prisão em 2009, aos 61 anos. Mesmo tendo uma doença terminal recusaram- lhe a saída. Patricia Krenwinkel, de 69 anos, participou nas mortes de agosto eéarecl usa mais antiga da Califórnia. Em junho, um painel rejeitou o seu pedido de liberdade condiciona­l.

A cumprir perpétua pela morte dos La Bianca, Leslie van Houten, de 68 anos, viu em 2016 o governador da Califórnia, Jerry Brown, reverter a recomendaç­ão de liberdade condiciona­l feita por uma comissão, alegando que ela ainda representa­va um “perigo irracional para a sociedade”. Em setembro, a comissão voltou a aconselhar a sua libertação, aguardando- se a decisão de Brown.

Bruce Davis, de 75 anos, tem também visto Brown a ignorar as recomendaç­ões de libertação. Foi condenado a perpétua pelas mortes de um professor de música e um duplo. Robert Beusoleil, de 70 anos, também a cumprir uma pena perpétua pela morte do professor, viu o seu pedido de condiciona­l rejeitado há cerca de um ano, podendo fazer um novo apelo em 2019. Lynette Frome, de 69 anos, fazia parte da família, mas foi condenada a perpétua pela tentativa de assassínio do presidente Gerald Ford em 1975. Foi libertada em 2009.

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Pena de morte de Manson foi comutada para perpétua após 1972

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