Funcionário de psiquiatria suspeito de violar doentes internadas
A investigação da PJ iniciou- se sexta- feira, quando uma das cinco vítimas se tentou suicidar naquele serviço. Hospital da Guarda abriu inquérito a conduta do funcionário suspeito
Doentes internadas no departamento de psiquiatria do Hospital da Guarda, confiadas aos cuidados daquela unidade de saúde por sofrerem de depressões graves, terão sido abusadas sexualmente e violadas por um auxiliar de ação médica da instituição, um homem com 59 anos, ao longo de três meses ( de agosto até ao dia 17 de novembro). A Polícia Judiciária da Guarda deteve o suspeito por autoria de vários crimes de abuso sexual de pessoas internadas e identificou, até ao momento, cinco alegadas vítimas, com idades dos 30 aos 49 anos. Poderá haver mais pessoas molestadas, o que está a ser apurado.
O conselho de administração do Hospital da Guarda abriu um inquérito à conduta do funcionário depois de ter tido conhecimento, no passado dia 17, de “alegados comportamentos anómalos no departamento de psiquiatria e saúde mental da unidade local de saúde da Guarda, envolvendo um assis- tente operacional desta instituição e algumas utentes”. O ministro da Saúde disse ontem ter sido informado há dois dias da situação. “Naturalmente, trata- se de um caso lamentável sobre o qual tem de se agir em matéria disciplinar e de investigação. Não tenho muito mais informação a não ser a determinação de que seja investigado e apuradas as responsabilidades”, referiu Adalberto Campos Fernandes.
Presente ontem a tribunal, o suspeito ficou sujeito a apresentações diárias, suspensão de funções, proibição de contactos com as vítimas e obrigatoriedade de acompanhamento psiquiátrico. O caso que levou às denúncias A investigação da PJ começou na sexta- feira às 22.00 com um incidente que teve um efeito furacão: uma mulher internada no departamento de psiquiatria do Hospital da Guarda tentou suicidar- se com o cinto do robe, tendo sido impedida por uma enfermeira de o fazer. Uma outra utente referiu que aquela tentativa de suicídio estaria relacionada com os alegados abu- sos sexuais de que essa mulher e várias outras seriam vítimas, apontando as culpas para um auxiliar de 59 anos. Os inspetores da PJ deslocaram- se nessa noite ao serviço de psiquiatria e ouviram o corpo clínico e de enfermagem. No sábado, foram ouvidas as doentes de psiquiatria, cujos testemunhos foram considerados credíveis pela Judiciária, com “indícios fortes e convincentes” dos atos a que terão sido sujeitas.
Segundo fonte da PJ, no vasto leque de abusos que estas mulheres terão sofrido há desde apalpões e carícias ( como no caso da doente que se tentou suicidar) até violação ( cópula) e atos de sexo oral. O auxiliar aproveitaria os turnos noturnos, menos concorridos e com menos vigilância, para perseguir sexualmente as pacientes de psiquiatria. Conseguia levá- las para os gabinetes de enfermagem, algumas seriam mesmo atacadas nas casas de banho, durante o banho, e por vezes seriam até acordadas pelo auxiliar para se sujeitarem aos atos sexuais mais diversos. Algumas das alegadas vítimas terão sido abusadas várias vezes pelo suspeito.
Como uma das tarefas deste assistente operacional era providenciar as camisas de dormir às utentes, aproveitaria também esse momento para fazer avanços com algumas destas mulheres.
Os abusos sexuais começaram em agosto, o mês em que esse funcionário chegou ao departamento de psiquiatria transferido do serviço de medicina interna. Na ficha desse funcionário nunca houve má conduta profissional. O seu registo criminal é limpo. A nível pessoal é casado, tem família e uma vida aparentemente banal.