No sapatinho vão estar livros, chocolates e roupa
Os portugueses estão mais otimistas e podem gastar mais neste Natal. Mas nos inquéritos dizem que querem gastar menos
Livros, chocolates, roupa e perfumes vão estar debaixo das árvores de Natal de quase todas as famílias portuguesas. Nas ruas da Baixa de Lisboa, os sacos que passeiam nos braços de quem já anda a fazer compras comprovam a tendência revelada pelo Estudo de Natal 2017 da consultora Deloitte. Com sacos de uma livraria e de uma perfumar ia, o casal Manuel e Manuela Matos já despachou uma série de presentes para os filhos e os quatro netos. A bisneta que vive na Irlanda fica de fora “porque este ano não vamos lá”, conta Manuela. “Vamos gastar o mesmo do ano passado e gostamos de dar presentes que sejam práticos e que eles deem uso”, acrescenta. O casal de reformados de Linda-a-Velha faz questão de pelo menos uma vez por semana ir às compras à Baixa.
Quem também já tem as compras adiantadas é Filipa Gomes Costa. Com cinco filhos e sete netos conta já ter comprado livros. Tirando isso, “nem sei o que hei de comprar, eles agora têm tudo”.
Com as mãos cheias de sacos, Virgínia Gabriel também já aproveitou para “comprar quase tudo”. Com uma família “não muito grande”, a engenheira civil assume que tem um orçamento “controlado” para os presentes de Natal.
Com poucos presentes também para comprar, o drama de Ricardo Amorim é encontrar alguma coisa que agrade aos pais. Nascido e a viver na Bélgica, o bancário aproveitou uma vinda a Portugal para ver as montras. “É complicado arranjar coisas que os meus pais gostem, já comprei molduras digitais e ficou lá tudo dentro da caixa”, confessa.
Na verdade, metade dos portugueses dizem que fazem as suas compras de Natal entre os dias 1 e 24 de dezembro. Sendo de esperar que este ano as compras de última hora sejam ainda mais significativas porque as festividades coincidem com o fim de semana. Apenas 35% admite que faz as suas compras antes de dezembro. Brinquedos, casa e alimentação Em pleno segundo fim de semana prolongado de dezembro, as grandes superfícies comerciais já sentem a maior procura em volta de possíveis presentes. Nas lojas do Continente, “é notória a preferência por artigos que simplificam a vida das pessoas, como os robôs de cozinha, em particular a Yämmi 2, ou artigos associados, como livros de receitas, mas também artigos para casa e decoração”. Outra das escolhas recai sobre os produtos “da Note!, caracterizada por artigos divertidos, de baixo valor”, explica fonte do Continente ao DN.
Nas lojas do El Corte Inglés, o destaque vai para “a gastronomia, especialmente para os produtos portugueses”, refere Susana Santos, responsável pela Comunicação e Relações Externas. “As pessoas fazem as suas próprias cestas com produtos portugueses.” Muito procurados são também “a tecnologia e eletrónica e ainda a joalharia, que é um clássico da época”, enumera.
Mas se estes são presentes para os mais crescidos, os brinquedos são sempre “estrelas do Natal” ou não fossem “as crianças as estrelas da quadra”, aponta a responsável do El Corte Inglés.
No Continente, este segmento é sempre forte, também, embora as personagens mudem de acordo com a moda de cada ano. Neste Natal, certamente muitas Elsas e Anas (personagens do filme Frozen, que continua a estar no top das preferências) estarão em caixas embrulhadas. A par destes, lideram também os brinquedos ligados à saga StarWars ou os didáticos Lego,
revela o Continente. O DN questionou também a distribuidora Jerónimo Martins (Pingo Doce), sobre as tendências de consumo, nas não obteve resposta.
“Outra tendência que verificamos é as famílias procurarem ofertas para os seus “amigos de quatro patas”, que hoje são considerados mais um elemento das famílias”, acrescenta a cadeia de hipermercados da Sonae. O que pode ser consequência de um maior otimismo dos portugueses em relação às finanças. “Notamos que os portugueses estão mais disponíveis para comprar e até oferecer presentes de valor superior à média dos anos transatos”, acrescenta fonte da marca.
Uma disponibilidade também sentida nos espaços El Corte Inglés, embora se note que “estão também também mais conscientes” nos gastos, refere Susana Santos. “Sentimos todos que as pessoas estão mais otimistas, mas mais ponderadas.”
De facto, no Estudo de Natal 2017 da Deloitte os portugueses mostram-se mais confiantes na economia e na sua situação financeira. Porém, quando chega a hora de calcular as despesas natalícias, em média, não vão além dos 338 euros por agregado familiar. Ligeiramente abaixo do ano passado, onde ponderavam gastar 359 euros. Valores bem abaixo dos 620 euros de gasto médio em 2009, antes da chegada da troika, mas já depois do início da crise (2008).
O que tem incentivado os portugueses a gastar mais são as promoções e o aumento dos rendimentos. Como admitiu, por exemplo, a professora Margarida Bota. O fim dos cortes na função pública, aumentou os rendimentos da professora que na quinta-feira andava pela Baixa. “Vou gastar um bocadinho mais este ano, pois sou funcionária pública e já recebi metade do subsídio de férias”, contou. Embora não tenha já feito todas as compras, aproveitou o passeio para passar em duas lojas de roupa. “Vim almoçar com as amigas e depois aproveitei a oportunidade e comprei já umas coisas, mas guardo as compras todas para o fim e por isso ainda me falta comprar quase tudo.”
Portugueses admitem gastar em média 338 euros este Natal. Menos 21 euros do que as despesas previstas no ano passado