Sempre Ligado. E os PC chegam ao futuro
Nem tudo nas novas tecnologias acontece à “velocidade da luz”. Foi já há um ano que a Microsoft anunciou uma parceria com a Qualcomm para criar computadores baseados nos processadores ARM (do género dos que equipam os smartphones), mas só esta semana foram apresentados os primeiros produtos com este tipo de tecnologia. Terá valido a pena tanta espera?
O potencial de uma solução deste género é enorme. Tal como escrevi na altura (www.dn.pt/i/5545360.html), se tudo correr como planeado estes computadores terão autonomia de dezenas de horas, serão mais finos e leves do que os laptops ultraportáteis, estão permanentemente ligados à internet e praticamente não terão tempo de espera no arranque.
Dito de outra forma: serão computadores com um tipo de comportamento semelhante aos telemóveis. Só que em lugar de correrem um sistema operativo “de telefone”, vêm comWindows 10 completo (já voltarei a esta questão).
Na terça-feira, no encontro organizado pela Qualcomm no Hawaii, a Microsoft e este fabricante de processadores mostraram os primeiros PC da nova categoria, a que chamaram Always Connected (“Sempre ligado”). Trata-se de dois modelos, da HP e da ASUS, baseados no processador Snapdragon 835. Foi ainda anunciado que a Lenovo também prepara uma máquina deste tipo.
O HP Envy x2 promete 20 horas de autonomia e separa-se do teclado, transformando-se num tablet de apenas 680g.
O ASUS NovaGo é um laptop mais tradicional (daqueles em que o ecrã vira 360º para ficar em tablet) que declara uma autonomia de 22 horas.
Ambos, no entanto, só chegarão ao mercado no próximo ano, perdendo a “febre” de compras do Natal, o que pode bem ser sintomático dos desafios técnicos que estes produtos representam.
Esta não é a primeira vez que a Microsoft tenta criar computadores baseados em processadores ARM. Os primeiros tablets da linha Surface tinham chips deste tipo e corriam uma versão específica doWindows 8, designada RT. Este sistema operativo estava limitado a programas daWindows Store que tinham de ser compilados especialmente para máquinas com este tipo de arquitetura.
Uma limitação que acabou por se revelar o calcanhar de Aquiles desta solução. A loja de apps doWindows era insuficiente para os desejos dos utilizadores (continua a ser, diga-se, ainda que esteja melhor) e os processadores em causa eram lentos.
Nada disto deverá acontecer nos novos computadores. Os Always Connected não são o Windows RT com outro nome. Pelo contrário. As duas máquinas agora mostradas vêm comWindows 10 S (que só permite instalar programas da loja oficial) mas é possível fazer o upgrade (por enquanto gratuito) para a versão Pro do sistema. Até porque o S não é uma versão limitada do Windows. É um sistema operativo completo que está “fechado” a apps que não sejam da loja por questões de segurança e performance.
Ou seja, mudando para oWindows Pro será possível instalar e correr, nos PC Always Connected, programas “tradicionais”. Fica por saber com que nível de desempenho e, especialmente, o que fará este tipo de utilização à autonomia destas máquinas.
Passado um ano após a promessa inicial, permanece a dúvida sobre se é possível cumpri-la. No entanto, o caminho para o futuro dos PC é evidente: conciliar as capacidades do computador pessoal à mobilidade e conectividade dos telemóveis. E estas novas máquinas são o primeiro passo concreto nesse sentido. Só por isso vale a pena esperar por elas com expectativas elevadas.