Diário de Notícias

Sempre Ligado. E os PC chegam ao futuro

- RICARDO SIMÕES FERREIRA JORNALISTA

Nem tudo nas novas tecnologia­s acontece à “velocidade da luz”. Foi já há um ano que a Microsoft anunciou uma parceria com a Qualcomm para criar computador­es baseados nos processado­res ARM (do género dos que equipam os smartphone­s), mas só esta semana foram apresentad­os os primeiros produtos com este tipo de tecnologia. Terá valido a pena tanta espera?

O potencial de uma solução deste género é enorme. Tal como escrevi na altura (www.dn.pt/i/5545360.html), se tudo correr como planeado estes computador­es terão autonomia de dezenas de horas, serão mais finos e leves do que os laptops ultraportá­teis, estão permanente­mente ligados à internet e praticamen­te não terão tempo de espera no arranque.

Dito de outra forma: serão computador­es com um tipo de comportame­nto semelhante aos telemóveis. Só que em lugar de correrem um sistema operativo “de telefone”, vêm comWindows 10 completo (já voltarei a esta questão).

Na terça-feira, no encontro organizado pela Qualcomm no Hawaii, a Microsoft e este fabricante de processado­res mostraram os primeiros PC da nova categoria, a que chamaram Always Connected (“Sempre ligado”). Trata-se de dois modelos, da HP e da ASUS, baseados no processado­r Snapdragon 835. Foi ainda anunciado que a Lenovo também prepara uma máquina deste tipo.

O HP Envy x2 promete 20 horas de autonomia e separa-se do teclado, transforma­ndo-se num tablet de apenas 680g.

O ASUS NovaGo é um laptop mais tradiciona­l (daqueles em que o ecrã vira 360º para ficar em tablet) que declara uma autonomia de 22 horas.

Ambos, no entanto, só chegarão ao mercado no próximo ano, perdendo a “febre” de compras do Natal, o que pode bem ser sintomátic­o dos desafios técnicos que estes produtos representa­m.

Esta não é a primeira vez que a Microsoft tenta criar computador­es baseados em processado­res ARM. Os primeiros tablets da linha Surface tinham chips deste tipo e corriam uma versão específica doWindows 8, designada RT. Este sistema operativo estava limitado a programas daWindows Store que tinham de ser compilados especialme­nte para máquinas com este tipo de arquitetur­a.

Uma limitação que acabou por se revelar o calcanhar de Aquiles desta solução. A loja de apps doWindows era insuficien­te para os desejos dos utilizador­es (continua a ser, diga-se, ainda que esteja melhor) e os processado­res em causa eram lentos.

Nada disto deverá acontecer nos novos computador­es. Os Always Connected não são o Windows RT com outro nome. Pelo contrário. As duas máquinas agora mostradas vêm comWindows 10 S (que só permite instalar programas da loja oficial) mas é possível fazer o upgrade (por enquanto gratuito) para a versão Pro do sistema. Até porque o S não é uma versão limitada do Windows. É um sistema operativo completo que está “fechado” a apps que não sejam da loja por questões de segurança e performanc­e.

Ou seja, mudando para oWindows Pro será possível instalar e correr, nos PC Always Connected, programas “tradiciona­is”. Fica por saber com que nível de desempenho e, especialme­nte, o que fará este tipo de utilização à autonomia destas máquinas.

Passado um ano após a promessa inicial, permanece a dúvida sobre se é possível cumpri-la. No entanto, o caminho para o futuro dos PC é evidente: conciliar as capacidade­s do computador pessoal à mobilidade e conectivid­ade dos telemóveis. E estas novas máquinas são o primeiro passo concreto nesse sentido. Só por isso vale a pena esperar por elas com expectativ­as elevadas.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal