Pedro Adão e Silva e João Tomaz tentam nesta obra repor a verdade e a justiça do que se passou com a seleção nacional no México 86
NUNO FERNANDES Mais de 30 anos depois do caso Saltillo, Pedro Adão e Silva e João Tomaz resolveram contar em livro a verdade sobre o que se passou na cidade mexicana com a seleção portuguesa no Mundial 1986. O resultado são 351 páginas com relatos dos protagonistas da altura – jogadores e dirigentes – mas também de jornalistas que acompanharam a equipa e estiveram no mesmo hotel. Um trabalho de investigação de dois anos que também tem como fontes artigos de jornais da altura e peças do arquivo da RTP. Mais do que transpor para o livro declarações, os autores tentam dar explicações interpretativas para se perceber o que se passou naquele mês no Motel La Torre, fazendo ao mesmo tempo um paralelismo com o contexto social e político que se vivia em Portugal – o ano das presidenciais Soares/Freitas, a entrada na CEE e a saída recente de um resgate do FMI.
A ideia, contam, nasceu de uma frase de Diamantino Miranda, antigo extremo do Benfica que fazia parte da seleção dos infantes, que há cerca de dois anos, num almoço onde estava Pedro Adão e Silva, disse que em Saltillo não se passou nada de especial. “Ficou a certeza de que havia uma história para contar para além dos episódios rocambolescos associados à participação dos infantes no México 86. Nos últimos dois anos, passámos grande parte do nosso tempo imersos em Saltillo e quase nos senti- mos a recuar no tempo, até um Portugal que parece, hoje, muito distante”, pode ler-se nas páginas destinadas aos agradecimentos.
“O livro tem como objetivo repor alguma justiça e verdade nos acontecimentos. Saltillo é um assunto mal resolvido para os jogadores que lá estiveram. Eles ainda têm sobre os ombros o peso deste episódio e de alguma forma achámos que era importante, 30 anos depois, ter uma descrição e explicação com um lado interpretativo para aquilo que se passou”, diz ao DN Pedro Adão e Silva. Pedro Adão e Silva e João Tomaz demoraram cerca de dois anos a escrever este livro, um trabalho de investigação que obrigou a muitas entrevistas e à leitura da imprensa da época. Ao lado, a célebre fotografia que documenta a leitura do comunicado dos jogadores, com o capitão Manuel Bento ao centro