Diário de Notícias

Ministro diz que britânicos podem mudar termos do brexit

Michael Gove defende que “nada está acordado até tudo estar acordado” e que os eleitores terão o controlo da situação

- ANA MEIRELES

Os eleitores britânicos poderão alterar os termos da relação entre o Reino Unido e a União Europeia após o brexit se não concordare­m com o acordo final, garantiu ontem o ministro do Ambiente britânico e um defensor da saída de Londres do bloco comunitári­o, Michael Gove.

Estas declaraçõe­s surgem um dia depois de Reino Unido e UE terem alcançado “progressos suficiente­s” nas negociaçõe­s do brexit, que permitem seguir para a negociação sobre a futura relação comercial entre as duas partes, um feito que foi aplaudido por Gove e outros elementos do Partido Conservado­r.

No entanto, apesar de ter dado o seu apoio à estratégia da primeira-ministra Theresa May, o ministro do Ambiente deu também voz aos críticos do acordo, ao dizer que se os britânicos não gostarem dos termos do brexit, futuros governos poderão alterá-los. “O povo britânico terá o controlo. Na altura das próximas eleições, a legislação da UE e qualquer novo tratado com a UE deixará de ter primazia ou efeitos diretos na lei britânica”, escreveu Gove num texto de opinião publicado ontem no The Daily Telegraph. “Se o povo britânico não gostar do acordo que negociámos com a UE, o acordo permitirá que um futuro governo o altere”, prosseguiu o governante.

O ministro defendeu ainda que o primeiro acordo entre as partes, alcançado na sexta-feira, “marcou o tom para a fase dois” das negociaçõe­s, em que serão discutidos temas como o comércio. Mas sublinhou que “nada está acordado até estar tudo acordado” no final do processo.

A saída de Londres da União Europeia está marcada para março de 2019, enquanto as próximas eleições gerais no Reino Unido estão agendadas para 2022. No entanto, vários media britânicos têm especulado sobre a possibilid­ade de estas serem antecipada­s, dada a falta de maioria parlamenta­r do governo de May, mas também devido às profundas divisões causadas pelo brexit dentro do Partido Conservado­r.

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