Empresas de segurança pedem mais polícias na noite de Lisboa
Barrio Latino. Suspeito de ter morto segurança tem 17 anos e entregou-se à polícia. Câmara restringe horário da discoteca. Governo está a trabalhar com autoridades para resolver insegurança
A Polícia de Segurança Pública tem de intensificar a fiscalização na noite de Lisboa. Uma ação de prevenção que pode aumentar a segurança das pessoas, “incluindo dos seguranças” das discotecas, como frisa ao DN o presidente da Associação das Empresa de Segurança.
A defesa do reforço da fiscalização surge um dia depois da morte de um segurança que estava de serviço na discoteca Barrio Latino, na Rua da Cintura do Porto de Lisboa, em Santos. O jovem de 17 anos suspeito do homicídio entregou-se ontem à tarde ao piquete da Polícia Judiciária, confirmou fonte oficial ao DN.
Nuno Cardoso foi atingido na cabeça por um tiro depois de não ter deixado entrar um grupo de pessoas no estabelecimento, pelas 13.00 desta sexta-feira, quando já estava a terminar uma festa que ali tinha decorrido. O funcionário da empresa LB – Segurança Privada – de 42 anos e que deixa dois filhos menores – foi atingido no parque de estacionamento e os colegas ainda o levaram para o Hospital de S. José, onde morreu. Quanto ao suspeito do homicídio, seria conhecido dos seguranças, segundo disse na sexta-feira um tio da vítima mortal. Restrições no horário Na sequência do homicídio, a Câmara Municipal de Lisboa confirmou a notícia do DN que referia existirem pedidos da PSP para limitar a atividade da discoteca anunciando que o horário iria sofrer restrições.
“O estabelecimento Barrio Latino tem em curso várias contraordenações, de autos de notícias elaborados após fiscalização da Polícia Municipal, e tem um pedido de restrição de atividade, para limitar o horário de funcionamento, por parte da PSP, por perturbação da tranquilidade pública”, anunciou a autarquia em comunicado, acrescentando: “A Câmara Municipal de Lisboa informa que irá proceder à restrição de horário solicitada pela PSP, como aliás sempre o fez, e apoiará outras decisões que possam ser exercidas pelas autoridades nacionais, por razões de segurança interna, como aconteceu recentemente no encerramento do Urban, por decisão do MAI, com medida de polícia de encerramento, nos termos do art. 48 do Decreto-Lei 316/95 de 28 de novembro.” Proteger no espaço público Rogério Alves lembra, em declarações ao DN, que é à PSP que cabe “a segurança pública e que esta polícia tem de proteger toda a gente que está no espaço público, incluindo os seguranças”. Frisando que a associação que lidera representa entre 60% e 70% do setor, mas que “não tem empresas que façam segurança noturna”, o dirigente lembrou que a missão da segurança privada “não se confunde com a da PSP. A segurança privada tenta manter a serenidade nos estabelecimentos, impede a entrada de pessoas que sejam menores ou estejam embriagadas, por exemplo. É uma tarefa importante, mas não se confunde com a segurança pública”. Esta será a função da polícia: “O que tem de existir é mais fiscalização por parte da PSP, que tem de proteger as pessoas que circulam nessas zonas [onde estão os espaços de diversão noturna], incluindo os próprios seguranças das discotecas.”
Lembrou que este tema da segurança na noite lisboeta está a ser discutido na assembleia municipal num debate dividido em duas sessões – a primeira ocorreu na terça-feira passada e a próxima será dia 12 –, com a temática “Segurança e qualidade de vida noturna na cidade de Lisboa”.
Também o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, assegurou que o governo está a trabalhar com a câmara e as forças de segurança nesta questão de insegurança na noite de Lisboa. “Manifestamente tem havido intervenção, tem havido ação, ela está concertada e terão conhecimento das intervenções operacionais necessárias no momento próprio”, frisou.