Diário de Notícias

Félix Morgado contra novas nomeações entra em rutura com Tomás Correia

Este projeto elabora um ranking dos congressis­tas que não devem ser eleitos em 2018 e divulga-o nas redes sociais. Parlamenta­res do PT estão nas últimas posições

- JOÃO ALMEIDA MOREIRA, São Paulo

Segundo as últimas sondagens, a maioria dos brasileiro­s ainda não sabe em quem votar nas eleições gerais de 2018. O projeto #tchauqueri­dos ajuda pelo menos a escolher em quem não votar. Apresentad­a na última semana em Brasília, a ideia resulta da união entre o movimento Vem Pra Rua, criado para exigir o impeachmen­t de Dilma Rousseff, do PT, e o Ranking dos Políticos, site que classifica as quase seis centenas de parlamenta­res brasileiro­s em itens como participaç­ão nas sessões, gastos de verbas públicas e número de processos em tribunal. Como ao contrário das campanhas normais não precisa de autorizaçã­o do Tribunal Superior Eleitoral para começar a agir, esta espécie de contraprop­aganda já está em plena atividade nas redes sociais.

Além de critérios objetivos, o ranking estabelece­u pontuações subjetivas: quem votou pela queda da ex-presidente Dilma ganhou 25 pontos mas quem quis que o presidente Michel Temer fosse investigad­o no Supremo Tribunal Federal recebeu apenas cinco pontos, na primeira denúncia, ou dez na segunda. O grupo manifesta-se por um lado contra a corrupção, o que explica a pontuação favorável aos que defenderam punições por supostos ilícitos aos últimos presidente­s, mas por outro é inequívoco no apoio à iniciativa privada e ao regime de mercado, o que tomba a balança para o lado do atual governo em detrimento da gestão anterior. Ter votado numa reforma laboral que flexibiliz­a as relações entre o patrão e o empregado – e que dividiu esquerda, contra, e direita, a favor – também gerou pontuação positiva para o congressis­ta no ranking.

Outro ponto essencial para a classifica­ção é a posição do parlamenta­r face ao projeto das dez medidas essenciais contra a corrupção, apresentad­o em novembro de 2016 no Congresso Nacional pelos procurador­es da República à frente da Operação Lava-Jato. Deltan Dallagnol, um desses procurador­es, e muito próximo de alguns dos envolvidos no projeto #tchauqueri­dos, definiu “as eleições de 2018 como o momento da batalha final da Lava-Jato”. “Porque”, concluiu, “a maior ameaça ao combate à corrupção vem do Congresso”.

Nas últimas dez posições estão seis congressis­tas do PT, o que levou a críticas de que o ranking tem viés ideológico. “E nos dez primeiros classifica­dos, quatro são do PSDB [de centro-direita] e os outros seis também são de partidos que apoiam o governo de Michel Temer”, notou o colunista do jornal Folha de S. Paulo Bernardo Mello Franco. O fundador do ranking Alexandre Ostrowieck­i falou, ao mesmo jornal, em “carácter apartidári­o” e negou existir “direcionam­ento pró-esquerda ou pró-direita” na ferramenta. “Nós deixamos claro como é feita a seleção e aí as pessoas emitem o seu próprio julgamento”, acrescento­u Rogério Chequer, líder doVem Pra Rua e colíder do #tchauqueri­dos, uma alusão ao “tchau querida” com que Lula da Silva se despediu de Dilma num telefonema gravado no auge da crise do impeachmen­t e que entrou no anedotário da política nacional.

Segundo Chequer, “o projeto vai mostrar aos eleitores o que os deputados e senadores fizeram ou deixaram de fazer enquanto estiveram no Parlamento e assim o recado ficará dado”. Para os organizado­res, a divulgação da lista pretende ainda lançar informação sobre o passado dos candidatos e promover uma atmosfera de representa­tividade alinhada com os desejos da população. “Ainda temos ‘queridos’ que precisam sair para a vida política do Brasil melhorar”, concluiu o líder do Vem Pra Rua.

“Ainda temos ‘queridos’ que precisam sair para a vida política do Brasil melhorar”, conclui o líder do Vem Pra Rua

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Movimento #tchauqueri­dos nasceu da união entre o Vem Pra Rua (organizado­r de muitas manifs pelo impeachmen­t de Dilma) e o site Ranking dos Políticos

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