“Precisamos de equipas dedicadas”
O aumento de recursos humanos frisado ainda nesta semana por António Costa no Parlamento reflete-se nos serviços? Tem havido contratação de pessoal, nomeadamente médicos e enfermeiros, embora continue a haver maior resistência à contratação de assistentes operacionais, que são essenciais nas equipas. Mas a grande questão é de organização do trabalho, com equipas dedicadas que eliminariam o recurso a tarefeiros. A urgência tem uma continuidade com outros serviços, portanto precisamos de equipas dedicadas, profissionalizadas, que assegurem a continuidade com esses serviços. Estas contratações de médicos em prestações de serviços causam grande desconforto nas equipas, são profissionais que não estão entrosados. Devem ser criadas condições financeiras para quem opte por este modelo e garantir que não serão prejudicados nas carreiras médicas. Se há mais recursos humanos, porque continuamos a recorrer tanto a prestações de serviços? Porque não temos serviços de urgências dedicados. São serviços de grande desgaste, as pessoas não estão satisfeitas com as condições que lhes são apresentadas e não estão disponíveis para trabalhar mais do que o que é obrigatório por lei. Teremos uma solução a médio prazo para esta dependência das prestações de serviços? Para este período da gripe, a solução passa pelos planos já elaborados pelos hospitais, com contratação extraordinária sempre que necessária, mais unidades de internamento, protocolos com entidades do setor social para aliviar os internamentos por motivos não médicos, abrir os centros de saúde além do horário normal. Em relação às prestações de serviços, só se deve recorrer a estas empresa por motivos excecionais. Mas o que vemos hoje é que é um recurso usado não só nos hospitais periféricos mas também nas grandes urgências, deteriorando a qualidade dos serviços. Esta é uma questão urgente que tem de ser discutida.