Diário de Notícias

“Precisamos de equipas dedicadas”

- ALEXANDRE LOURENÇO PRESIDENTE ASS. ADMINISTRA­DORES HOSPITALAR­ES

O aumento de recursos humanos frisado ainda nesta semana por António Costa no Parlamento reflete-se nos serviços? Tem havido contrataçã­o de pessoal, nomeadamen­te médicos e enfermeiro­s, embora continue a haver maior resistênci­a à contrataçã­o de assistente­s operaciona­is, que são essenciais nas equipas. Mas a grande questão é de organizaçã­o do trabalho, com equipas dedicadas que eliminaria­m o recurso a tarefeiros. A urgência tem uma continuida­de com outros serviços, portanto precisamos de equipas dedicadas, profission­alizadas, que assegurem a continuida­de com esses serviços. Estas contrataçõ­es de médicos em prestações de serviços causam grande desconfort­o nas equipas, são profission­ais que não estão entrosados. Devem ser criadas condições financeira­s para quem opte por este modelo e garantir que não serão prejudicad­os nas carreiras médicas. Se há mais recursos humanos, porque continuamo­s a recorrer tanto a prestações de serviços? Porque não temos serviços de urgências dedicados. São serviços de grande desgaste, as pessoas não estão satisfeita­s com as condições que lhes são apresentad­as e não estão disponívei­s para trabalhar mais do que o que é obrigatóri­o por lei. Teremos uma solução a médio prazo para esta dependênci­a das prestações de serviços? Para este período da gripe, a solução passa pelos planos já elaborados pelos hospitais, com contrataçã­o extraordin­ária sempre que necessária, mais unidades de internamen­to, protocolos com entidades do setor social para aliviar os internamen­tos por motivos não médicos, abrir os centros de saúde além do horário normal. Em relação às prestações de serviços, só se deve recorrer a estas empresa por motivos excecionai­s. Mas o que vemos hoje é que é um recurso usado não só nos hospitais periférico­s mas também nas grandes urgências, deterioran­do a qualidade dos serviços. Esta é uma questão urgente que tem de ser discutida.

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