Diário de Notícias

Subida de rating da Fitch pode abrir portas do país a mais investidor­es

AGÊNCIAS Analistas esperam que a Fitch siga a S&P e tire Portugal do “lixo”. Se o fizer, a dívida portuguesa entra na “primeira liga”

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A Fitch deverá dar a Portugal um presente de Natal antecipado no dia 15 deste mês, quando fizer a revisão do rating da dívida soberana portuguesa. Os analistas e gestores de ativos antecipam que a agência siga a Standard & Poor’s (S&P) e também retire Portugal do nível de “lixo”. A fazê-lo, é como uma espécie de jackpot, já que as obrigações do Tesouro portuguesa­s passam a poder integrar os principais índices obrigacion­istas e a poderem ser compradas por um maior número de investidor­es de peso. Isto, porque é preciso que as obrigações portuguesa­s tenham, pelo menos, dois ratings de investimen­to de qualidade atribuídos por duas das três grandes agências – Fitch, Moody’s e S&P. Se a Fitch subir o rating da dívida do país, vem somar-se ao upgrade já feito pela S&P neste ano.

“É provável que a Fitch acompanhe a decisão da S&P e suba o rating de Portugal para grau de investimen­to”, disse Filipe Garcia, economista da IMF-Informação de Mercados Financeiro­s. E espera que “provavelme­nte, a Fitch irá citar o cresciment­o económico de Portugal, o comportame­nto da dívida em mercado secundário e as alterações no perfil da dívida para sustentar a sua decisão”. A Fitch tem um rating de BB+ atribuído a Portugal.

“Uma subida do rating tornaria as obrigações do Tesouro portuguesa­s elegíveis para o índice de obrigações iBoxx”, refere o Commerzban­k, numa nota de análise de 7 deste mês. “Uma eventual decisão da Fitch em subir a dívida soberana portuguesa para grau de investimen­to tem relevância, porque há fundos que só podem comprar dívida de emitentes com a classifica­ção de grau de investimen­to por duas das três principais agências de notação”, explicou Filipe Garcia.

“De certa forma vem dar ainda mais credibilid­ade à nossa dívida”, adiantou Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa. Impacto positivo O impacto de uma subida de rating, apesar de antecipado pelos investidor­es, seria positivo na performanc­e da dívida portuguesa no mercado.

Portugal tem estado fora dos principais índices de dívida soberana há vários anos e uma subida do rating da Fitch pode abrir novas portas ao país. “Se a Fitch subir o rating de Portugal vamos passar a estar num patamar diferente, pois mais investidor­es irão poder investir na nossa dívida e é provável que o nosso spread versus a Alemanha estreite mais uns pontos-base”, explica Filipe Silva.

“A acontecer, será uma decisão esperada, mas ainda assim positiva para Portugal e para o Tesouro” destacou.

Os analistas esperam assim que, tanto a Fitch como a Moody’s, acompanhem a subida de rating já feita pela S&P. O banco Nomura até recomendou que, com a subida do rating pela Fitch, esta pode ser uma boa altura para os investidor­es começarem a reduzir a sua exposição à dívida soberana portuguesa. Também o Rabobank acha que é “provável” que a agência tire Portugal do lixo. Os juros da dívida portuguesa têm vindo a descer no mercado e, no caso das obrigações a dez anos, situam-se agora na casa dos 1,8% pela primeira vez desde 2015. ELISABETE TAVARES

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