Tempestade perfeita rende mão-cheia de golos ao líder
Equipa de Sérgio Conceição, com Aboubakar em destaque, recuperou o primeiro lugar no campeonato com um triunfo gordo e indiscutível numa noite de muito vento e chuva no Bonfim
NUNO COELHO O FC Porto recuperou a liderança da Liga com uma vitória de mão-cheia nas margens do Sado, onde o Vitória local se mostrou incapaz de travar a tempestade perfeita que foi a equipa nortenha, numa partida em que Aboubakar assinou três golos e participou noutro. Melhor ataque e melhor defesa da prova, os dragões mostraram estar num grande momento, isto depois de dois empates seguidos, e chegaram aos 36 pontos, os mesmos do Sporting e mais três do que o campeão em título Benfica.
Sérgio Conceição voltou ao 4x4x2, com Maxi na defesa e Ricardo mais avançado, Reyes no lugar de Felipe e Marega a acompanhar Aboubakar na frente. A isto, José Couceiro respondeu com cinco homens na defesa (Costinha tentava seguir Brahimi no lado direito do setor recuado) e Edinho na frente (devido ao impedimento legal de Gonçalo Paciência), apoiado por João Amaral e João Teixeira.
A jogar contra o forte vento, o Vitória entrou a todo o gás, com João Amaral endiabrado. Foi o médio que iniciou o lance, logo aos três minutos, que ocasionou a primeira oportunidade de golo, com João Teixeira a solicitar o homem mais adiantado dos anfitriões. No entanto, Edinho demorou uma eternidade a rematar e, quando o conseguiu, já era tarde: a bola saiu fraca e acabou por ir contra José Sá. Dada a diferença de andamento entre as duas equipas, o lance foi sol de pouca dura. O FC Porto começou a controlar as operações, iniciando pouco a pouco o assalto à baliza de Cristiano, sob a batuta de Brahimi. Aboubakar desperdiçou duas vezes e ainda ofereceu ao colega argelino a hipótese de ficar cara a cara com o guardião da casa, que este desperdiçou rematando-lhe contra as pernas.
João Amaral ainda voltou a incomodar na direita do ataque da casa (25’) mas pouco depois o inevitável aconteceu. Um primeiro canto de Alex Telles foi defendido com dificuldade por Cristiano. Do outro lado, o lateral brasileiro apontou um segundo que Aboubakar transformou no 0-1 com um desvio de cabeça (31’) – queixaram-se os sadinos de um empurrão do camaronês em Edinho, que o afastou do lance, mas o VAR não interveio, talvez por não considerar o lance suficientemente claro. José Couceiro é que não parou os protestos e acabou expulso com um terço do jogo decorrido. Desenha-se a goleada Se a missão setubalense já era complicada, a partir daí tudo se desmoronou. Até ao intervalo, o FC Porto marcou mais duas vezes. Primeiro, num golo às três tabelas, com Aboubakar a obrigar Cristiano a uma boa defesa e Maxi a acertar no poste antes de a bola sobrar para Marega empurrar para a baliza deserta (40’); depois, numa grande penalidade deVasco Fernandes sobre o camaronês, que o próprio converteu – não sem antes Tiago Martins ir consultar as imagens por indicação do VAR, apenas para confirmar a sua primeira decisão. E ao intervalo estava tudo decidido (há três anos que o FC Porto não chegava ao intervalo com tão larga vantagem e nunca o tinha feito no Bonfim), mostrando que o feeling de Fábio Coentrão na véspera não tinha muita razão de ser...
A chuva chegou então no início do segundo tempo, para o qual Conceição optou por descansar Brahimi, lançando Corona no seu lugar. A qualidade do jogo diminuiu, embora o FC Porto continuasse dono e senhor dos acontecimentos. A questão era saber qual seria a diferença final e esta ainda se alargou: Aboubakar chegou ao hat trick (69’), após grande lance de Marega na direita e bateu, em dezembro, o seu recorde de golos numa só época; e o maliano bisou (83’), depois de passar a toda a velocidade por Nuno Pinto e picar sobre Cristiano.
“Ando há mais de 40 anos nisto e foi a minha primeira expulsão. Há falta sobre Edinho no golo do FC Porto”
JOSÉ COUCEIRO
TREINADOR DO V. SETÚBAL “Um bom trabalho num campo sempre difícil. Sabemos que é nestes jogos que se ganham campeonatos”
SÉRGIO CONCEIÇÃO
TREINADOR DO FC PORTO