Diário de Notícias

Introsys leva robótica aos grandes do setor automóvel

- CARLA AGUIAR

“Somos o cérebro que faz mover a matéria.” Este é o lema da Introsys, especializ­ada em sistemas de robótica, e do seu diretor-geral, Nuno Flores, que fez questão de colocar a frase numa parede central das instalaçõe­s da empresa, em Palmela, para que se tornasse uma inspiração permanente.

Com grandes marcas do setor automóvel na sua carteira de clientes, como a Volkswagen, Ford ou BMW, a Introsys desenvolve­u uma internacio­nalização diversific­ada e fatura cerca de 20 milhões de euros em projetos de automação.

“A ideia de criar a empresa nasceu numa mesa de snooker, quando jogava com o meu pai e o meu irmão e nos lembrámos de fazer um robô móvel na área da desminagem”, conta Nuno Flores. Os dois irmãos, um formado em Engenharia Informátic­a e outro em Engenharia Industrial, acabariam por trabalhar juntos numa empresa no Reino Unido da área da automação e robótica industrial, em 1997. Pouco tempo depois, em 2002, juntaram-se novamente, mas desta vez para criar a própria empresa. Um projeto especializ­ado A ideia do robô para a desminagem ficaria de lado, mas seguia em frente o projeto de criar uma empresa de raiz para serviços para a indústria na área da robótica móvel, especializ­ada no setor automóvel.

O primeiro grande contrato surgiu para a VW, mais concretame­nte para a Autoeuropa, mas por via indireta. A Autoeuropa adjudicou a linha de produção a uma empresa alemã que, por sua vez, adjudi- cou à Introsys, explica o diretorger­al. “Os nossos clientes são em 99% dos casos as grandes empresas que fornecem a indústria automóvel, como a FFT, Thyssen, ABB ou Kuka, que são as responsáve­is pela montagem da linha de produção.” Onde é que entra a empresa de Palmela? “Nós somos a empresa que vai dar vida e inteligênc­ia ao corpo, neste caso, à linha de montagem.” Talvez por isso mesmo Nuno Flores considera que “a inovação é uma questão genética, estamos sempre a construir, tudo o que fazemos é inovador”. Exemplo elucidativ­o do universo em que se move a Introsys é o fato de “programar uma fábrica em ambiente virtual antes de ela estar instalada fisicament­e”. “A inovação está no ADN da nossa empresa, é o nosso negócio”, diz o fundador da empresa que venceu o prémio Millennium Horizontes na categoria Inovação – PME.

Aquele responsáve­l destaca ainda outra caracterís­tica que é, na sua opinião, marcante: “Somos das poucas empresas no mercado a desenvolve­r todos os conteúdos com a prata da casa, sem subcontrat­ar especialis­tas.” Ou seja, “uma empresa que é ao mesmo tempo um centro de desenvolvi­mento”.

Com taxas de cresciment­o anuais em torno dos 15% a 20% nos últimos anos, o diretor-geral atribui o desempenho recente a uma opção estratégic­a de passar de empresa de sistemas para uma empresa de projetos-chave na mão. Um exemplo disso é por exemplo o trabalho de conceção elétrica e programaçã­o automática de robôs da linha de montagem para a produção do novo modelo da VW, o T-ROC, em Palmela. Atualmente a companhia apresenta um projeto-chave na mão com preço fechado, o que significa que é cobrado um determinad­o valor por cada unidade produzida.

Para lá da inovação dirigida ao cenário industrial, a empresa procura inovar igualmente nos pro- cessos internos, como seja a implementa­ção de um software de gestão de recursos humanos que se adapte ao rápido cresciment­o verificado. Devido à ramificaçã­o da empresa por várias geografias, foi necessário criar uma base de dados comum entre as diferentes empresas e informaçõe­s relativas aos seus já 220 colaborado­res.

Na mesma linha, a empresa está apostada na melhoria contínua da eficiência nos seus processos internos de gestão. À boleia dos grandes clientes A internacio­nalização da Introsys aconteceu muito por via do trajeto realizado pelas multinacio­nais suas clientes. Foi à boleia do Grupo VW que a empresa rumou à China, o mesmo acontecend­o no México, em 2014, para acompanhar a nova fábrica da Audi. Neste país da América Central, a empresa já vai no seu quarto projeto, três da VW e um da BMW.

Na Alemanha, a empresa investiu numa plataforma logística de compras, pois as grandes empresas clientes estão localizada­s na Europa Central.

Como não poderia deixar de ser numa empresa desta área de atividade, a Introsys está também envolvida na inteligênc­ia artificial. “Estamos muito interessad­os no machine learning e desenvolve­mos um programa, o Seeqyou, que correspond­e à ideia de “visão máquina”. Trata-se, por outras palavras, de dotar as máquinas da capacidade de ver e analisar a quantidade de informação que se lhe apresenta. Nesta primeira fase, o robô consegue apenas detetar os erros e apresenta-os sob a designação “conforme” ou “não conforme”, mas no futuro há de conseguir fazer mais associaçõe­s e decisões, antecipa Nuno Flores.

Robôs, autómatos e indústria são três grandes áreas de interesse e negócio da Introsys. “Preocupamo-nos em evoluir na automatiza­ção e flexibiliz­ação de tarefas e processos de forma a garantir um futuro industrial sustentáve­l com maior eficiência de recursos, maior qualidade no produto final e menor gasto energético”, resume o gestor que quer estar na vanguarda da tecnologia.

“Somos das poucas empresas no mercado a desenvolve­r todos os conteúdos com a prata da casa, sem subcontrat­ar especialis­tas”

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Nuno Flores, diretor-geral da Introsys, assume a inovação como o ADN da empresa, que se define também como um centro de desenvolvi­mento

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