Diário de Notícias

BARRIGAS DE ALUGUER

PMA Portugal é um dos poucos países europeus onde é permitida a gestação de substituiç­ão. Das 99 manifestaç­ões de interesse entregues no Conselho Nacional de Procriação Medicament­e Assistida, até novembro, 41 são de casais estrangeir­os e, desses, 31 são d

- JOANA CAPUCHO

UM TERÇO DOS 99 PEDIDOS VEM DE CASAIS ESPANHÓIS

Em Portugal, mais de metade dos pedidos para recorrer à gestação de substituiç­ão são de casais estrangeir­os, a grande maioria de Espanha, onde o processo não é permitido.

De acordo com os dados cedidos ao DN pelo Conselho Nacional de Procriação Medicament­e Assistida (CNPMA), foram registadas 99 manifestaç­ões de interesse entre a aprovação do diploma, em maio de 2016, até ao mês passado, das quais 58 são portuguesa­s e 41 de outros países (39 de Espanha). Atualmente, diz a mesma fonte, “existem três processos pendentes”.

A mãe de Isabel, de 50 anos, foi a primeira mulher autorizada em Portugal a ser gestante de substituiç­ão, uma situação que em Espanha não seria possível. É por essa razão – e porque a lei portuguesa o permite – que os casais espanhóis solicitara­m oficialmen­te ao CNPMA a hipótese de recorrer a este processo.

Para Marta Casal, da direção da Associação Portuguesa de Fertilidad­e (APF), a tendência é para existirem cada vez mais pedidos de espanhóis: “Portugal passou a ser um dos poucos países europeus onde a gestação de substituiç­ão é legal e, dada a proximidad­e a Espanha, é uma tendência esperada que os casais espanhóis procurem aqui ajuda para ter um filho.” O facto de a lei permitir que cidadãos estrangeir­os possam recorrer ao processo, “com a ajuda de gestantes também estrangeir­as, poderá contribuir para que

Em 2015, nasceram em Portugal 2504 crianças com recurso a técnicas de procriação medicament­e assistida

Portugal venha a ser procurado por muitos casais, para tentarem uma última hipótese de virem a ser pais ou mães”.

Após a notícia da aprovação da lei das barrigas de aluguer ter chegado a Espanha, a APF começou a “receber vários pedidos de ajuda e de orientação” oriundos do país vizinho. “Pouco depois da regulament­ação da lei [em agosto], recebíamos uma média de dois a três pedidos por telefone ou e-mail”, adianta a responsáve­l. Um número que tem vindo a diminuir, assume, porque provavelme­nte “as informaçõe­s sobre a gestação de substituiç­ão em Portugal são mais fáceis de encontrar e mais divulgadas por congéneres da associação e pela comunicaçã­o social espanhola”. Recurso à PMA De acordo com o relatório sobre a atividade desenvolvi­da pelos centros de procriação medicament­e assistida (PMA), em 2015, “nasceram em Portugal 2504 crianças como resultado do uso das várias técnicas de PMA, o que representa 2,9% do número total de nascimento­s ocorridos no nosso país nesse ano”. Uma percentage­m que em 2014 também se situou nos 2,9%, com um total de 2428 crianças. E que em 2013 fora de 2,5% (2091 crianças).

Em Portugal, destaca Marta Casal, o primeiro grande marco nesta temática “foi a criação de uma legislação, em 2006, que veio regulament­ar as técnicas de PMA”. Esta lei, prossegue, “garante o acesso a técnicas de PMA a todas as mulheres, permitindo que as mulheres portuguesa­s possam fazer tratamento­s de fertilidad­e no seu país, salvaguard­ando o princípio da não discrimina­ção”. Uma lei “sem exclusão, assegurand­o uma prestação de serviços adequada, segura e não discrimina­tória”.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal