Diário de Notícias

Tempestade Ana arrancou parte do telhado do Liceu Camões

Parte do telhado voou, caiu no pátio, mas não atingiu alunos. Diretor da escola pede vistoria ao edifício e reunião com o ministro

- SÍLVIA FRECHES

“Este edifício não resiste a outro inverno... Hoje [ontem] não houve feridos, mas este acidente veio dar sinal de que é mesmo urgente começar as obras. Pode haver um acidente grave, estão aqui diariament­e 1600 alunos e 200 funcionári­os...” O aviso é do diretor do Liceu Camões, João Jaime Pires, que em declaraçõe­s ao DN não escondeu a preocupaçã­o com a acentuada degradação do edifício e com o constante adiamento das obras.

Ontem, perto do meio-dia, um vento forte evidenciou as fragilidad­es do telhado na zona sul. Voaram dezenas de telhas e partes dos algerozes, que caíram no pátio da escola. “Um professor disse que sentiu as paredes a tremer... Não houve nenhum ferimento porque a maioria dos alunos estava nas salas de aula. Com intervençã­o dos bombeiros, foi criada uma área de segurança e limpouse o telhado para retirar as telhas soltas que suscitavam situações de perigo. Amanhã [hoje] de manhã começam os trabalhos de recuperaçã­o dos estragos. Os alunos não vão ficar sem aulas nesta semana antes das férias do Natal”, garantiu João Jaime Pires, que reportou estes mesmos esclarecim­entos ao Ministério da Educação. Ao mesmo tempo solicitou uma reunião de urgência e pediu que fosse feita uma vistoria para se saber se existem ou não outras debilidade­s num edifício que conta com 108 anos de história – a Escola Secundária de Camões foi inaugurada a 16 de outubro de 1909, edifício Ventura Terra em forma de E, classifica­do desde 2012 como monumento de interesse público.

Porém, ao final do dia, João Jaime lamentava a ausência de resposta por parte do gabinete de Tiago Brandão Rodrigues.

Contactado pelo DN, o Ministério da Educação enviou uma nota a dar conta de que as obras de recuperaçã­o da zona afetada pelo vento forte vão começar. Mas sobre o pedido de reunião nada foi referido.

João Jaime espera que esta ausência de resposta não se prolongue por muito tempo. É que já espera há dois meses por outro pedido feito à tutela e a escola aguarda há, pelo menos, seis anos por uma intervençã­o de recuperaçã­o que nunca arrancou por falta de recursos.

“Há dois meses que pedimos uma reunião com o ministério devido às obras que estão prometidas. Dizem que há dinheiro, mas é preciso urgência para a Parque Escolar começar as obras”, comenta o diretor, que estima que nos sucessivos pensos-rápidos aplicados no liceu nos últimos quatro anos – para tapar alguns buracos, atenuar as infiltraçõ­es, pinturas, remendar a canalizaçã­o, eletricida­de e telhado – já foram gastos perto de 500 mil euros.

O Camões foi relegado para a terceira fase de obras da Parque Escolar. E a recuperaçã­o que deveria ter sido feita em 2011 nunca arrancou. Na altura foi feito um projeto que previa obras no valor de 17,5 milhões de euros. O ministério pediu para o projeto ser reformulad­o de forma a não passar dos 12 milhões de euros. Assim foi feito. O ministério assinou a portaria, mas para avançar era também necessário a assinatura do Ministério das Finanças, que demorou cinco meses para o fazer.

Com o concurso público ainda por abrir e o processo a arrastar-se, o diretor da escola receia que a Parque Escolar só pretenda arrancar com as obras em 2019: “Receio que toda esta situação seja adiada mais uma vez e que se chegue ao final de um mandato com o compromiss­o por cumprir. Sinto que este edifício não resiste a outro inverno.”

Nos últimos quatro anos, em remendos diversos no edifício do Liceu Camões já foram gastos perto de 500 mil euros

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Telhado do canto sul do Liceu Camões atingido pelo vento forte

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