Diário de Notícias

NASCIMENTO, O NOVO CRAQUE DA NATAÇÃO PORTUGUESA

Benfiquist­a alimenta ambição portuguesa nos Europeus de piscina curta, após ter brilhado nos Nacionais (batendo dois recordes)

- RUI MARQUES SIMÕES

“Após muitos anos a trabalhar na sombra, esta era a motivação de que estava a precisar”, confessa Miguel Nascimento, com a sinceridad­e de quem precisou de sair da zona de conforto (aventurar-se por distâncias mais longas) para se descobrir mais forte, polivalent­e e bem-sucedido. Ao bater os recordes nacionais absolutos de 400 e 800 metros livres, o nadador do Benfica foi a principal figura dos Nacionais de piscina curta, realizados no fim de semana, no Porto. E converteu-se em mais um nome português a ter em conta nos Europeus de piscina curta, que decorrem entre amanhã e domingo, em Copenhaga (Dinamarca).

Na Royal Arena, o nadador algarvio (natural de Portimão) vai voltar às distâncias tradiciona­is – 50, 100 e 200 metros livres e 200 m mariposa – com o moral em alta. A experiênci­a de pô-lo “a fazer provas diferentes”, nos Nacionais, para ter sensações diferentes, antes do Campeonato da Europa”, terminou “com excelentes indicadore­s”, como refere o seu treinador, Ricardo Santos.

Miguel Nascimento, de 22 anos, fixou recordes de 400 (3.42,91 minutos) e 800 metros livres (7.46,18) – na distância mais curta, a marca resistia desde 2009. E voltou do Porto com quatro títulos nacionais (as duas disciplina­s e mais dois ouros coletivos, ganhos pelo Benfica). “Esperava aproximar-me dos recordes, mas não contava com estas marcas. É a recompensa pelo trabalho que fiz até agora e deixa-me motivado para os Europeus”, aponta, ao DN.

Os recordes – dois dos sete fixados nos Nacionais de piscina curta (com Ana Rodrigues em destaque, ao bater por duas vezes o de 50 bruços) – acabaram por surgir quando o nadador benfiquist­a se aventurou para fora de pé (leia-se experiment­ando distâncias mais longas do que aquelas em que se especializ­ara até aqui). “O meu treinador deu-me oportunida­de para experiment­ar coisas novas, sair da zona de conforto e ver o que podia fazer. Passar por esses desafios e conhecer outras dificuldad­es fez-me crescer como atleta”, revela Miguel Nascimento, que começou a trabalhar nesta temporada com Ricardo Santos.

Agora, com os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 em mente (“todos os nadadores têm uma meta, essa é a minha”, sublinha), o nadador algarvio mostra-se aberto a “outros desafios e novas oportunida­des”, para cumprir o “sonho de estar em Tóquio na melhor forma de sempre”. A disciplina e a distância escolhidas para tentar carimbar o passaporte olímpico ainda são incógnitas. Tudo depende do feedback das próximas provas – a começar pelos Europeus desta semana.

Em Copenhaga competem mais sete portuguese­s, num total de 19 provas diferentes – Diana Durães (200, 400 e 800 livres, 100 estilos), Tamila Holub (400 e 800 livres),Victoria Kaminskaya (200 e 400 estilos, 200 costas e 200 mariposa), Diogo Carvalho (100 e 200 estilos e 200 mariposa), Gabriel Lopes (50 e 100 costas, 100, 200 e 400 estilos, 50 e 200 mariposa), Alexis Santos (200 livres, 100 e 200 estilos, 50 costas) e JoãoVital (400 livres, 200 e 400 estilos e 200 mariposa). E o diretor técnico nacional, José Machado, aspira à presença em finais em 100 e 200 estilos masculinos e 800 livres femininos. Miguel Nascimento dá voz à ambição da comitiva lusa: “Temos uma equipa cada vez melhor, a natação portuguesa tem evoluído imenso nos últimos anos.”

Ainda assim, no seu caso, o nadador algarvio prefere não criar grandes expectativ­as – “quero uma coisa de cada vez”, nota –, focando-se na melhoria dos recordes pessoais de 50, 100 e 200 metros livres e 200 mariposa, para tentar, “se possível”, fixar também novos melhores registos nacionais das disciplina­s. Consegui-lo seria o corolário deste fim de época dourado iniciado no Porto. E Miguel Nascimento vai continuar a sonhar com isso: “Com os resultados a aparecer, cada vez estou mais motivado.”

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Miguel Nascimento fixou novos recordes nacionais absolutos de 400 e 800 metros livres

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