Parecido com Valerian no cinema mas bem diferente na BD
George Lucas nunca se referiu a Valerian como o herói inspirador da sua saga mas há quem ache que está aí o embrião de Star Wars
Poucos filmes têm uma componente tão gráfica como os da saga Star Wars. Não é novidade alguma, pois desde os primeiros momentos do Episódio IV que ao olhar-se para o ecrã e observar os passos iniciais da invenção de George Lucas se percebia como aquele guião poderia ter sido transplantado de um álbum de banda desenhada. Teria sido Lucas inspirado pela nona arte?
Nunca houve resposta para tal questão, mas a recente estreia do filme de Luc Besson baseado na série Valerian trouxe o assunto à baila. Não pelo realizador Lucas, que jamais falou sobre o tema, mas por quem acha que o agente espáciotemporal esteve na base da conceção de StarWars. Os próprios autores de Valerian são adeptos dessa teoria e não têm dúvida de que o seu trabalho foi uma pista criativa para a saga segundo já referiram. Aliás, foi com essa certeza que um deles, Mézières, saiu da sala de cinema em 1977 após ver StarWars: “Pareceu-me vagamente familiar!”
E há muitos pormenores de Valerian alegadamente replicados em StarWars, como a cena onde a Princesa Leia veste um sensual biquíni, tal como a parceira deValerian, Laureline, usara num dos seus álbuns; o Falcon de Harrison Ford muito semelhante à nave XB982 da dupla... A gozar com isso, o desenhador deValerian publicou um cartoon em 1983 na revista de banda desenhada francesa Pilote em que parodiava o encontro entre Luke Skywalker e Leia com Valerian e Laureline num cenário espacial.
Nada disso já interessa pois ninguém poderá dizer que Star Wars não foi a grande saga do século passado e que o será neste também. Ou que Star Wars seja o ponto de partida para inúmeros álbuns de banda desenhada focados em episódios e protagonistas desta saga. É o caso de três livros que a editora Planeta está a lançar.
O primeiro, DarthVader – A Guerra de Shu-Torun em que o argumentista coloca o poderoso Vader num combate diplomático em que a força está mais presente do que o diálogo depois da destruição da Estrela da Morte. Os desenhos são de Salvador Larroca e Leinil Yu e trazem às pranchas novos personagens num argumento idealizado por Kieron Gillen.
O segundo, intitulado apenas Star Wars – Prisão Rebelde 3, com o mesmo autor no argumento e Yu no desenho, conta ainda com Jason Aaron no guião e Angel Unzueta e Mike Mayhew na ilustração, recriando os tempos da Rebelião, com um espião a infiltrar-se em Coruscant com o intuito de saber os planos das forças imperiais.
O terceiro volume recria o penúltimo episódio da saga, O Despertar da Força, uma leitura própria para quem quer relembrar o período anterior ao filme que vai estrear amanhã. Aqui os autores são outros, ChuckWendig no argumento e Luke Ross e Mark Laming, que contam como se reencontra o “velho” Luke Skywalker numa ilha obscura e se prepara o reinício de um novo fôlego para a saga – inesperadamente perturbado com a morte na vida real da atriz Carrie Fischer, a Princesa Leia. Todos os álbuns contêm no final um conjunto de posters para os fãs.
Diga-se que nenhum destes álbuns faz recordar Valerian, pois os seus estilos aproximam-se muito mais do que é próprio aos comics de inspiração norte-americanos que aos cânones franco-belgas. Ou seja, na banda desenhada nada faz lembrar os alegados inspiradores. JOÃO CÉU E SILVA