Gil Vicente regressa automaticamente à I Liga em 2019-2020
Belenenses e clube minhoto puseram-se de acordo. Na próxima época descem três equipas e sobem duas mais o Gil
CASO MATEUS Terminou o caso mais longo do futebol português, iniciado em 2006 quando o GilVicente perdeu na secretaria a manutenção no escalão principal, para o Belenenses, devido à utilização indevida do angolano Mateus, que tinha atuado na época anterior com estatuto de amador ao serviço do Lixa – razão pela qual não podia jogar como profissional pelos gilistas. Mateus é o mesmo que marcou um golo ao Sporting no último sábado diante do Boavista.
Assim sendo, ontem deu-se um enorme passo que visa a reintegração automática do Gil Vicente na I Liga em 2019-2020 – e não já na próxima época porque os regulamentos mudaram já neste ano, com o voto contra do Gil Vicente, na altura ainda presidido por António Fiúsa. “A integração de um clube na Liga NOS em cumprimento de uma decisão judicial ocorrerá na segunda época desportiva seguinte ao trânsito em julgado da mesma, sendo criada uma vaga na Liga NOS, que, por aquele, será preenchida”, indica o ponto 1 do artigo 21. A do Regulamento de Competições.
A reintegração do Gil Vicente não precisa, assim, de ser sequer objeto de discussão em Assembleia Geral da Liga de Clubes. O organismo terá agora de anunciar o modelo competitivo provisório para a época que se segue, e que, por imposição regulamentar, passará pela descida em 2018-2019 de três equipas da I Liga para a II Liga e a subida à I Liga de dois clubes mais o GilVicente.
Como é óbvio, tudo ficaria resolvido, sem mais problemas, se o Gil Vicente conseguisse já nesta temporada a ascensão à I Liga. Parece, no entanto, algo difícil, já que o clube de Barcelos está na 14.ª posição, a dez pontos do segundo classificado, o Famalicão.
Em maio de 2016, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa anulou o acórdão do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que levou à descida administrativa do Gil Vicente.
A FPF e a Liga recomendaram a aceitação da decisão, mas o Belenenses recorreu dois meses depois, em julho. E só a saída de cena de António Fiúsa da liderança do Gil Vicente permitiu o entendimento entre os dois clubes: “Desde que se soube da decisão, em maio de 2016, que o Belenenses manifestou total abertura para pôr fim ao processo. No entanto, na altura, o Gil Vicente tinha um presidente diferente, António Fiúsa, que não concordou e as coisas não se fecharam ali. Agora, com outro presidente, houve condições de diálogo diferentes e o Gil Vicente mostrou abertura para um entendimento”, referiu à Lusa o administrador da SAD do clube da cruz de Cristo, Carlos Soares, irmão de Rui Pedro Soares, líder da SAD.
O aperto de mão que selou o acordo entre os emblemas foi dado ontem por Francisco Dias e Rui Pedro Soares, respetivamente presidentes de Gil Vicente e Belenenses SAD, sob patrocínio de Pedro Proença, presidente da Liga. BRUNO PIRES