Diário de Notícias

Financiame­nto não quadruplic­ou, foi o mesmo

Mudança de governo no final de 2015 não fez mudar compartici­pações previstas para a Raríssimas

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O DN errou, ontem, ao noticiar que o atual governo fez quadruplic­ar – de 286,6 mil euros para 1,211 milhões – o que o anterior tinha estabeleci­do como financiame­nto público (da Saúde e da Segurança Social) para a Raríssimas neste ano. Assim, no tempo do anterior governo tinham ficado previstas para a Raríssimas 1,215 milhões para compartici­pações de serviços em 2016; o atual governo estipulou para este ano (2017) menos do que isso: 1,210 milhões.

O que se passou foi que o DN valorizou um despacho de 2015 estipuland­o verbas para a Raríssimas para os anos de 2015 e 2016 e 2017 que não deveriam ter sido lidas isoladamen­te mas sim somadas a outras previstas num despacho de 2014.

Segundo explicou ontem ao DN Manuel Lopes, coordenado­r da reforma da rede de cuidados continuado­s, o despacho de 2015 somou verbas às previstas no de 2014 porque a Raríssimas aumentou os seus serviços: em 2014 tinha dez camas na tipologia UMDR (unidade de média duração e reabilitaç­ão) e depois passou a ter mais nove (total: 19), pelo que os valores estimados de financiame­nto plurianual foram atualizado­s. A suspeita do DN de que teria havido um brutal aumento do financiame­nto público à Raríssimas com o atual governo nasceu de uma tabela com os financiame­ntos provenient­es do Ministério da Saúde desde 2008 – tabela enviada ao DN na terça-feira pelo gabinete do ministro da pasta, Adalberto Campos Fernandes, a nosso pedido. Essa tabela revela um valor relativo a 2016 (governo PS) de cerca de 879 mil euros, que é cerca do triplo do relativo a 2015 (governo PSD-CDS), 283,9 mil euros. E ambos os valores pelo mesmo serviço: 39 camas integradas na Rede Nacional de Cuidados Continuado­s Integrados (RNCCI), sendo a compartici­pação paga através da Administra­ção Regional da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Na quarta-feira à tarde o DN pediu explicaçõe­s sobre esta diferença de valores. Foram enviados três despachos governamen­tais (de 2014, 2015 e 2017) com os planos plurianuai­s de financiame­nto à Raríssimas pelos ministério­s da Saúde e da Segurança Social – mas sem explicaçõe­s.

A leitura errada pelo DN desses despachos levou à conclusão errada de que o atual governo havia quadruplic­ado o apoio à associação. Publicada a notícia, as explicaçõe­s chegaram ontem, quando o gabinete do ministro colocou o DN em contacto com o coordenado­r da reforma da rede de cuidados continuado­s.

Manuel Lopes salientou ao DN que o Ministério da Saúde “não apoia ninguém”. “Pagamos um serviço, por dia e por doente, de acordo com uma tabela. E só pagamos em função do serviço prestado, nunca por antecipaçã­o.” Ou seja: as verbas referidas nos despachos em causa são “previsiona­is”, estimativa­s feitas na base de uma ocupação a 100% dos serviços. Além disso, os contratos-programa do SNS com as instituiçõ­es que integram a Rede Nacional de Cuidados Continuado­s Integrados têm uma validade de apenas três anos. Com a Raríssimas, esse contrato foi renovado em novembro de 2016 porque a unidade foi avaliada e alcançou o “patamar mínimo de bom”. De acordo com o mesmo dirigente, a Raríssimas é servida por “profission­ais de saúde muito competente­s” e “não se deve deitar fora o bebé com a água do banho”. J.P.H.

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