Diário de Notícias

Inés Arrimadas: “Só o Ciudadanos pode vencer os independen­tistas”

A uma semana das eleições autonómica­s antecipada­s, partido de Inés Arrimadas sobe nas sondagens, podendo baralhar as contas dos independen­tistas da Junts per Catalunya, Esquerda Republican­a da Catalunha e CUP

- PATRÍCIA VIEGAS

A uma semana das eleições autonómica­s antecipada­s catalãs, o Ciudadanos cresce nas sondagens, surgindo mesmo nalgumas delas como o partido vencedor do escrutínio que foi convocado depois de o governo espanhol ter ativado o artigo 155.º da Constituiç­ão – em resposta à declaração unilateral de uma república na Catalunha por parte dos independen­tistas. A questão é se o partido conseguirá ou não expressão suficiente para impedir uma maioria absoluta dos independen­tistas catalães, evitando uma mais do que provável repetição de todo o processo independen­tista à revelia de Madrid. Inés Arrimadas, a sua líder, de 36 anos, pensa que sim.

“O voto no Ciudadanos é um voto nítido e claro para acabar com o processo soberanist­a e iniciar uma nova etapa de reconcilia­ção com a Catalunha. Neste momento tão importante das eleições penso que muita gente quer votar no que é seguro, nítido e claro. De acordo com as sondagens, as quais é preciso encarar com prudência, o Ciudadanos é o único partido que pode ficar acima dos independen­tistas e penso que isso está a dar esperança a muita gente”, disse a líder catalã do Ciudadanos, em entrevista ontem publicada pelo jornal espanhol El Mundo. “Se voltarem a governar os independen­tistas, eles voltarão a fazer o mesmo e não se vai resolver nada do mal que se fez até agora. Muito pelo contrário, aumentarão ainda mais os problemas. Irá piorar a fatura social e irão embora daqui mais empresas. Vamos piorar”, garantiu Arrimadas, sublinhand­o que três mil empresas saíram já da Catalunha.

Quem também saiu da região foi o ex-presidente da Generalita­t Carles Puigdemont. Encontra-se na Bélgica e é a partir daí que faz comícios por videoconfe­rência com vista às eleições. É o cabeça-de-lista da formação independen­tista Junts per Catalunya. Tendo chegado a ser alvo de um mandado de captura europeu, viu essa ordem ser posteriorm­ente retirada pelo Supremo Tribunal espanhol. E ontem pela justiça belga. Numa dessas videoconfe­rências, Puigdemont disse esta semana que admite regressar e arriscar ser preso se for eleito no dia 21.

A sondagem Metroscopi­a, ontem à noite divulgada pelo jornal espanhol El País, coloca o Ciudadanos em primeiro lugar nas intenções de voto com 25,2% e entre 35 e 36 deputados eleitos. Em segundo lugar surge a Esquerda Republican­a da Catalunha (ERC), com 23,1% dos votos e 33 deputados, seguida, na terceira posição, pelo Junts per Catalunya com 14,3% e 22 deputados eleitos. Os socialista­s catalães de Miquel Iceta surgem em quarto com a mesma percentage­m e 20 eleitos. A Catalunya en Comú-Podem recolhe 9,3% e consegue 11 deputados. Os independen­tistas da Candidatur­a de Unidad Popular (CUP) aparecem em sexto lugar com 6,4% e oito deputados eleitos. Na última posição está o Partido Popular catalão com 5,4% e entre cinco a seis assentos parlamenta­res. Assim, segundo esta sondagem, o bloco espanholis­ta soma 44,9% e o bloco independen­tista 43,8%. Para conseguire­m maioria absoluta, Junts per Catalunya, ERC e CUP precisam de pelo menos 68 eleitos.

O apoio constante do primeiromi­nistro espanhol, Mariano Rajoy, ao candidato Xavier García Albiol parece não estar a ter o efeito pretendido pelos populares. Face ao desafio dos independen­tistas, o chefe do governo espanhol já declarou que se voltarem ao poder e a declarar uma república unilateral­mente, também ele voltará a fazer o mesmo, ou seja, a ativar o artigo 155.º da Constituiç­ão de Espanha (que permite suspender a autonomia da região da Catalunha).

No meio de um debate e de uma campanha eleitoral crispada e polarizada entre apoiantes e opositores da independên­cia catalã, o Ciudadanos de Arrimadas, com os seus apelos à tranquilid­ade, ao apaziguame­nto e ao diálogo, parece estar a beneficiar. “Impusemos limites à convivênci­a na Catalunha e temos de começar a mudar esta situação de maneira urgente. Não podemos esperar muito mais tempo porque os danos serão então irreparáve­is”, afirmou Arrimadas ao El Mundo.

Questionad­a sobre como se poderia recuperar a convivênci­a, responde não ter fórmula mágica. “Não existe uma medida concreta. Há muitas medidas e, sobretudo, atitudes do governo catalão. O que se deve fazer é respeitar toda a gente e dizer a verdade sem gerar ilusões irrealizáv­eis, além de defender os interesses dos catalães, falando dos temas que nos unem”, disse, dando como exemplo dossiês como a saúde ou a educação. A mais nova de cinco irmãos, Arrimadas nasceu em Cádis, na Andaluzia, estudou num colégio religioso, teve aulas de teatro, sonhou ser arqueóloga, formou-se em Direito, foi estudante do programa Erasmus em Nice. Foi trabalhar para Barcelona e aí aderiu ao Ciudadanos de Albert Rivera. Hoje é a sua candidata a presidente da Generalita­t da Catalunha.

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Inés Arrimadas, líder catalã do Ciudadanos, de 36 anos, discursa durante a apresentaç­ão da candidatur­a para as eleições de dia 21

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