Diário de Notícias

“Por causa de gambas e dois vestidos não vou fugir”

Paula Brito e Costa nega conduta condenável e aponta o dedo a antiga vice. Trabalhado­res exigem suspensão

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ENTREVISTA À RTP A ex-presidente e ainda diretora-geral da Raríssimas, Paula Brito e Costa, garantiu nada ter do que se arrepender pela forma como geriu esta IPSS. Em entrevista ao programa Sexta às 9, da RTP, revelou ainda ter denunciado no passado irregulari­dades que teriam sido cometidas pela antiga vice-presidente da instituiçã­o, Joaquina Teixeira, afirmando que esta terá garantido publicamen­te que “enquanto não acabasse comigo e com a Raríssimas não parava”.

No programa, em entrevista à jornalista Sandra Felgueiras, Paula Brito e Costa foi confrontad­a com boa parte dos factos que lhe foram imputados numa reportagem da TVI, apresentan­do a sua justificaç­ão para cada um deles.

A referência, numa reunião gravada, ao próprio filho, funcionári­o da empresa, como “herdeiro da parada”, seria “uma brincadeir­a” que fazia habitualme­nte, ainda que não tenha escondido a vontade de o ver assumir um papel relevante na estrutura da IPSS após a sua saída. Os vencimento­s deste e do marido de Paula Brito e Costa, também trabalhado­r da Raríssimas, eram iguais aos de trabalhado­res em funções equivalent­es. O facto de se fazer transporta­r num BMW série 5 é justificad­o com o “modelo empresaria­l” da Casa dos Marcos. “A Raríssimas nunca gastou dinheiro do Estado indevidame­nte”, garantiu.

Sobre determinad­as despesas feitas com o cartão de crédito da associação, as gambas adquiridas num supermerca­do não se destinavam a consumo próprio, até por ser “alérgica a marisco”, e os dois vestidos da loja Karen Millen destinavam-se às visitas “à rainha de Espanha, duas vezes por ano”, funcionand­o como “fardas” e encontrand­o-se na instituiçã­o.

Por tudo isto, garantiu não ter medo de ser detida: “Uma coisa lhe garanto: por causa de umas gambas e de dois vestidos eu não vou fugir para lado nenhum”, disse. Denúncias a antiga vice As atenções da entrevista­da – e do próprio programa – voltaram-se depois para Joaquina Teixeira, antiga coordenado­ra da secção Norte, despedida na sequência de uma auditoria da consultora PKF, ordenada pela própria Paula Brito e Costa – que terá detetado irregulari­dades superiores a 270 mil euros. O DN ligou ontem para o telemóvel de Joaquina Teixeira, mas foi informado, por outra pessoa que atendeu a chamada, que a antiga vice-presidente da Raríssimas estava ocupada e não podia atender.

Entretanto, 90 funcionári­os da Raríssimas pediram ontem, em abaixo-assinado, a suspensão de Paula Brito e Costa do cargo de diretora-geral. P.S.T.

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