Diário de Notícias

Auditoria arquivada no SEF. PSD quer ministro no Parlamento

Ministério Público não consegue “localizar” as certidões criminais com indícios de corrupção detetados na auditoria interna. SEF não revela a data em que enviou o inquérito

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Eduardo Cabrita declarou que “tem plena confiança na Direção Nacional do SEF no exercício das suas competênci­as próprias”

VALENTINA MARCELINO O PSD quer ouvir as explicaçõe­s do ministro da Administra­ção Interna, Eduardo Cabrita, sobre o arquivamen­to de uma auditoria interna do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF) que detetou indícios de corrupção e concessão de vistos sem o requisito obrigatóri­o de prova de entrada legal no nosso país. Conforme o DN noticiou ontem, o relatório, concluído em novembro, foi conduzido ao longo de um ano pelo Gabinete de Inspeção do SEF, que propôs sanções disciplina­res a um total de seis funcionári­os, entre os quais um ex-diretor nacional adjunto, tendo sido ainda extraídas duas certidões criminais relativas aos indícios de corrupção de um inspetor e de um administra­tivo. Foram ainda visados disciplina­rmente uma diretora regional e outros dois inspetores, confirmou fonte do SEF ao DN.

Poucos dias depois de ter tomado posse, o novo diretor nacional, Carlos Moreira, decidiu arquivar a auditoria e as respetivas propostas de sanções disciplina­res. O ex-di- retor visado, após o arquivamen­to, foi nomeado oficial de ligação na Representa­ção Portuguesa em Bruxelas.

Num requerimen­to que deu ontem entrada na comissão de Assuntos Constituci­onais da Assembleia da República, o grupo parlamenta­r social-democrata solicita o envio aos deputados “do resultado das conclusões da auditoria” e, consideran­do que a “nota pública” do ministério sobre o assunto, “ao invés de esclarecer a situação, veio causar ainda mais perplexida­de e confusão”, pede a audição de Eduardo Cabrita “a fim de ser esclarecid­a a presente questão”.

O CDS subscreve o pedido de audição, sublinhand­o que “o esclarecim­ento não foi esclarecid­o nem esclareced­or”. O líder parlamenta­r, Nuno Magalhães, salienta que, “apesar de confirmar a notícia, o comunicado oficial nada diz sobre o porquê do arquivamen­to das sanções disciplina­res”. Para o deputado “está em causa uma matéria muito grave e o bom nome do SEF, e é fundamenta­l que o ministro preste todos os esclarecim­entos e se conheça a verdade”. recebido ilicitamen­te quantias monetárias para um ato ilícito, que era a concessão de vistos sem todos os requisitos previstos na lei.

De acordo com as fontes do DN, estas certidões foram, ainda antes de Carlos Moreira tomar posse, integradas em inquéritos-crime pelo Departamen­to Central de Investigaç­ão do SEF e terão seguido para o Ministério Público (MP). Questionám­os a PGR, na quinta-feira, sobre a situação destas investigaç­ões, tendo a porta-voz respondido que “até ao momento, com os elementos fornecidos, não foi possível localizar as certidões referidas”. Questionad­a ontem sobre se, tendo em conta os factos descritos na notícia do DN, o MP poderia pedir informaçõe­s ao SEF, não respondeu. O SEF, por seu lado, também não confirmou se os inquéritos já seguiram para o MP nem a data em que tal possa ter acontecido. Em 2016, antes de a auditoria interna do SEF arrancar, a PGR abriu um “processo de averiguaçõ­es” para perceber se os vistos estavam a ser concedidos de forma irregular, mas “não detetou ilícitos criminais”, como o DN escreveu ontem.

MANUEL CARLOS FREIRE

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