Manuela Alves deixa marca de cultura e ética no jornalismo
Jornalista durante mais de três decadas, passou pelo Diário de Notícias e escreveu livros infantojuvenis. Morreu aos 76 anos
ANA BELA FERREIRA Manuela Alves esteve nas redações mais de 30 anos. Uma carreira recordada como exemplar por quem a viu trabalhar e despedir-se do jornalismo, no início dos anos 2000. A antiga jornalista do Diário de Notícias morreu ontem, aos 76 anos. O velório realiza-se hoje, em Lisboa, na Igreja de Santa Joana Princesa. A missa está marcada para as 16.00.
Quando chegou ao DN, a jornalista Céu Neves viu em Manuela Alves um exemplo. “Acompanhava a área da Educação, escrevia muito bem. Era uma pessoa perfeccionista, muito preocupada com as questões da ética, com grande conhecimento da história de Portugal, era uma referência.”
Também a amiga e antiga colega do DN Leonor Figueiredo tem“pena Manuela Alves escreveu vários livros para os mais novos. Deixou o jornalismo no início dos anos 2000 de que não tenha escrito as suas memórias de vida universitária, onde viveu vários episódios, ou durante o período em que esteve no Diário de Lisboa”. O que não terá feito por ser hábito demorar algum tempo a escrever, recorda Leonor, que também se lembra do “feitio difícil” da jornalista.
Filomena Naves, que durante vários anos trabalhou ao seu lado, recorda uma história caricata. “Fui entrevistar Mariano Gago e a minha filha ligou para o jornal. A Manuela disse-lhe que tinha ido entrevistar o ministro da Ciência e a minha filha disse ao pai que eu tinha ido entrevistar o ministro da Paciência.” Ora, esse foi precisamente o título do livro inspirado nesta história que Manuela Alves viria a escrever.
Quem partilhou décadas de trabalho e amizade com Manuela Alves foi Maria Augusta Silva. Emocio- nada, deixou uma mensagem: “Era uma jornalista que sabia como escrever com elegância, objetividade e rigor, respeitando o leitor, o grande público, respeito que nascia da sua própria formação de mulher do jornalismo e da cultura (inclusive nos seus livros infantojuvenis). Como colega, como amiga, as palavras faltam-me, mas digo-lhe – sei que ela me está a ouvir – o que sempre lhe disse: coragem, Manuela!”