Diário de Notícias

O Pluto que jogou no Benfica e se fez ídolo em Roma ainda joga... futevólei

Aldaír. Central jogou apenas um ano na Luz e deixou saudades. Agora divide-se entre Itália e Brasil, entre o negócio de jogadores e a praia

- ISAURA ALMEIDA

Aldair jogou futebol até aos 45 anos e ainda não disse adeus definitivo à vida de jogador. O campeão do mundo pelo Brasil (1994), o mesmo que deixou saudades no Benfica (1989-90) e se fez ídolo em Roma ainda destila talento na areia da praia como jogador futevólei.

“Gosto muito de jogar futevólei, jogo muito no Brasil e em Roma também. Adoro, é ótimo para passar o tempo”, disse Aldair, que em 2012 chegou a defender as cores de Itália no II Mundial de Futevólei 4 e terminou em 4.º lugar. Depois foi campeão da 4.ª etapa Liga Nacional Brasileira de Futevólei, defendendo as cores do Flamengo, o clube onde começou a jogar futebol com 9 anos.

O ex-defesa-central encarnado divide os dias entre Roma e o Espírito Santo (Brasil). E na maior parte do tempo dedica-se aos negócios.“Sou sócio de uma empresa que agencia jogadores, em São Paulo. É isso que faço agora. É uma experiênci­a nova, mas tranquila, e é bom porque sobra tempo para jogar o meu futevólei”, revelou ao DN o antigo defesa , que tem em carteira “alguns jogadores interessan­tes para o mercado português”.

Agora “é uma questão de negociar”. Pois, segundo ele, “Portugal é uma grande porta de entrada para a Europa para o jogador brasileiro, que se adapta muito bem ao futebol português”.

Ele lá sabe do que fala, pois fez da Luz a ponte para a glória em Roma. Era para ficar quatro épocas na Luz, mas acabou por só ficar uma. Assinou pelo Benfica no dia 18 de julho de 1989. Fez dupla com o compatriot­a Ricardo Gomes e marcou cinco golos no campeonato nacional (Nacional, Portimonen­se, Feirense e União da Madeira, 2) mais um na Taça dos Clubes Campeões Europeus, atual Champions (Derry City), num total de 36 jogos com a camisola das águias.

“Eu era muito novo quanto cheguei ao Benfica, mas lembro-me muito bem do Estádio da Luz, que já não existe, do Eriksson e da comida portuguesa, principalm­ente do bacalhau. Adoro bacalhau”, confessou o campeão mundial, com pena de não ter aproveitad­o para conhecer melhor Lisboa: “Conheci pouco a cidade, quando jogava era estádio-casa, casa-estádio... só fui a um ou outro restaurant­e. E ainda cheguei a ir com o Valdo a Cascais a casa do empresário Manuel Barbosa, que me levou para o Benfica.”

Chegou, mostrou talento e classe na arte de bem defender e uma calma por vezes desconcert­ante sob pressão. Venceu uma Supertaça e jogou uma final da Liga dos Campeões (1989-1990) frente ao AC Milan de Gullit e Van Bas- ten.“Essa derrota marcou-nos, apesar de o adversário ser bastante forte, sentimos que tínhamos uma boa equipa e que tínhamos valor para ganhar”, explicou o antigo central, que quase marcou um golo na final: “Depois de roubar a bola ao Marco (Van Basten) e deixar o Gullit para trás fui em direção à baliza, mas fui travado por um muro [risos]; Costacurta, Rijkaard e Maldini fecharam bem...”

A ligação ao Benfica foi curta mas “muito boa”, segundo o central. “Fiquei pouco tempo, mas fiz muitas amizades em Portugal. Já encontrei o Rui (Costa) em alguns eventos”, lembrou Aldair, que seguiu depois para Itália, numa transferên­cia histórica que rendeu nove milhões de euros aos cofres da Luz em 1990.

O Benfica esfregou as mãos de contente e o jogador também. “Roma é a minha segunda casa. A cidade e a torcida sempre me trataram bem. Acredito que foi o Benfica que me abriu as portas de Itália. Tenho pena de não ter permanecid­o mais tempo, mas ainda passei bons momentos”, disse Aldair, que jogaria 13 épocas pelos romanos e só disse adeus à braçadeira de capitão quando a passou a Francesco Totti (com quem está na foto em baixo).

Foi no Olimpico de Roma que o brasileiro ganhou a alcunha de Pluto, “diziam que eu era parecido com o cão do Pato Donald (personagem da Disney)”.

Jogou sempre em “clubes marcantes”, Flamengo, Benfica e Roma e deixou saudades no Brasil, em Portugal e em Itália. Qual foi o segredo? “Tive sorte. Comecei num grande clube do Brasil, o Flamengo, depois fui para um grande de Portugal e que na altura era um grande europeu, jogámos a Champions, e depois a Roma, onde fiquei muitos anos. A passagem pelo Benfica foi muito importante na minha afirmação na seleção brasileira”, disse o canarinho.

Defesas-centrais há muitos, uns bons, outros nem por isso. Para ele, “um bom defesa-central tem de saber defender e dar segurança ao setor defensivo e à equipa”. Claro que “pode ajudar a levar a equipa para o ataque” e “fazer um golo é espetacula­r”, mas “o principal é saber defender bem e saber marcar o avançado”.

E se há país que tem dado grandes centrais aos encarnados é o Brasil. Ricardo Gomes, Aldair, Mozer, Luisão, David Luiz, etc. “O Benfica pesca muito bem no setor defensivo no Brasil, estão atentos e ainda há pouco tempo pescaram o David Luiz e deu certo. A escola brasileira trabalha bem os defensores e ele têm acertado nas escolhas”, elogiou o central que deixou saudades na Luz, apesar de ter jogado apenas uma época de águia ao peito.

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Aldair num jogo da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1989-90, pelo Benfica. Em baixo, o brasileiro na despedida de Totti da Roma, em 2016
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