Espanhóis do Quesos levam Taça Ibérica... que quase não erguiam
Foi o campeão nacional CDUL a salvar a honra do convento ao encontrar um troféu que dignificasse uma competição que se disputa desde 1965. Federações e medalhas ausentes
A 38.ª edição da Taça Ibérica, competição que anualmente e desde 1965 coloca frente a frente os campeões de Portugal e Espanha, disputou-se ontem à tarde no Estádio Universitário de Lisboa e foi conquistada pelo VRAC Quesos Entrepinares de Valladolid, que bateu o campeão nacional CDUL, por 27-13, erguendo o segundo troféu no seu historial depois do conseguido em 2014.
Mas os crónicos campeões espanhóis – conquistaram cinco títulos nas últimas seis temporadas e comandam a competitiva liga espanhola com 12 triunfos nas 12 jornadas disputadas – estiveram bem perto de não poderem erguer qualquer taça no final do encontro, já que todas as tentativas das direções dos dois clubes junto das respetivas federações para obter o troféu a ser entregue ao vencedor resultaram infrutíferas!
Realcem-se as ausências dos representante federativos dos dois países peninsulares. E esta prova é oficialmente organizada, à vez, pelo país que recebe a final, cabendo neste ano à Federação Portuguesa de Râguebi.
“Quando questionada, a nossa federação disse não ter qualquer ideia sobre o troféu que iria estar em disputa. Que perguntássemos ao vencedor de 2016, o El Salvador de Valladolid, ou à federação espanhola. Em último caso, que nos desenrascássemos!”, contou ao DN o presidente do CDUL, Lourenço Fernandes Tomás
E foi isso mesmo que o dirigente dos campeões nacionais tratou imediatamente de fazer. “Responsabilizámo-nos pelo pagamento da estada dos árbitros franceses e para não fazermos má figura, e deixarmos mal o nosso país, corremos uma série de locais de manhã e um elemento da direção do CDUL encontrou, numa loja em Campo de Ourique, um troféu jeitoso e com dignidade para fazer de Taça Ibérica!” Já as medalhas comemorativas do encontro e habitualmente entregues aos jogadores das equipas finalistas como recordação, ficaram na simples intenção...
No que respeita ao jogo em si, a atual supremacia do râguebi espanhol em relação ao português (presentemente situado um degrau abaixo na hierarquia europeia) ficou plenamente demonstrada no relvado do EU Lisboa, com o Quesos a justificar o favoritismo levando de vencida o campeão português num triunfo sem brilho nem através de um râguebi de deslumbrar, mas conseguido com justiça e que nunca esteve em perigo para nuestros hermanos.
Perante um adversário mais pesado, experiente e recheado de profissionais nascidos fora da Península Ibérica, o CDUL – desfalcado por inúmeras lesões – nunca soube explorar as manifestas dificuldades das linhas atrasadas do VRAC, permeáveis quando atacadas em velocidade. À beira do intervalo, o CDUL faria o seu único ensaio numa jogada de compêndio: soberba perfuração de Penha e Costa, com o 2.ª linha Rafael Simões (o melhor dos portugueses) a surgir muito bem no apoio e a transmitir para Gonçalo Foro fazer um belo ensaio que colocava o CDUL na frente por 13-9 no descanso.
O segundo tempo seria penoso para os campeões nacionais, que, pouco habituados a 80 minutos de ritmo intenso perante rivais de boa envergadura física, não fariam mais qualquer ponto e, sem bola, soçobrariam com naturalidade perante um VRAC que mostrou atributos justificando o triunfo, por 27-13.
Registam-se agora 22 triunfos espanhóis contra 16 portugueses, estes através de Benfica (1971, 86, 88 e 2001), Direito (99, 2002, 2013 e 2015), Cascais (92, 93 e 96), CDUL (83, 84 e 2012), Académica (97) e Agronomia (2007).
Na manhã de ontem, um dirigente dos universitários resolveu a delicada situação numa loja de Campo de Ourique, em Lisboa