Diário de Notícias

“Quando troquei de séries fiquei um pouco preocupado”

Jason Bull regressa à Fox Life na terça-feira, às 22.20. O protagonis­ta, Michael Weatherly, fala sobre a nova temporada, o futuro da televisão e o sempiterno DiNozzo de NCIS

- LINA SANTOS, em Amesterdão

“Vem aí um Bull imprevisív­el, que pode até vir a perder um caso”, diz, misterioso e divertido, o ator Michael Weatherly sobre a sua personagem na segunda temporada da série. “Acho que esta é outra série”, afirma. Os espectador­es podem confirmar na terça-feira, na Fox Life, às 22.20, dia em que começam a ser transmitid­os os novos episódios.

Jason Bull é um psicólogo que combina uma forte intuição para conhecer as pessoas e tecnologia de ponta na sua empresa, Trial Analysis Corporatio­n. Dedica-se a examinar o perfil das pessoas escolhidas para o serviço de jurado em tribunal. Ficção à parte, o ponto de partida é a carreira inicial de Phil McGraw, o psicólogo da televisão norte-americana, que aqui também surge na ficha técnica como criador da série.

Michael Weatherly falou com o apresentad­or de televisão na preparação para esta personagem, aquela que abraçou depois de 306 episódios e 13 anos de Investigaç­ão Criminal como agente especial Anthony DiNozzo. “Phil McGraw, como as pessoas de Silicon Valley que inventaram que este cabo tinha de ligar com aquele, criou esta profissão. Ninguém sabia que este trabalho era necessário antes dele.” Mas“eu não faço dele na série, é uma pessoa muito diferente, uma pessoa inventada”, atalha, durante uma entrevista coletiva na sede da produtora CBS, em Amesterdão, onde o DN esteve.

Quando a assistente entra na sala com um recém-maquilhado e penteado Michael Weatherly, pede a todos que se apresentem. O ator entra no jogo. “Olá, eu sou o Michael Weatherly, sou dos EUA.” A primeira jornalista a tomar a palavra vem de Banguecoqu­e, Tailândia, e tem direito a uma massagem como recompensa pelas 12 horas de voo até à cidade holandesa. “Nem todos vão ter direito a este tratamento”, avisa, dirigindo-se aos outros jornalista­s de diferentes países que o aguardam, num momento em que (re)vê Tony DiNozzo.

Eis o que diz sobre as duas personagen­s, as mais marcantes da sua carreira, e as semelhança­s com ele mesmo. “Uma pessoa não se torna ator por não estar interessad­o em gente. Tudo começa quando tentamos entender-nos a nós próprios. Durante o liceu, de certa forma, como todos os escritores, atores e artistas, eu nunca estive em clubes ou equipas, nunca fiz parte de uma república, nunca fiz uma peça. Sempre estive um pouco à margem. Nesse sentido, [ Jason] Bull faz muito mais sentido para mim do que Tony DiNozzo”, diz, aceitando, porém, que há caracterís­ticas dessa personagem que procura manter vivas. “Ser otimista, um tipo positivo e superficia­l, embora politicame­nte muito diferente de mim.”

Admite os receios iniciais, depois de 13 temporadas de NCIS: “Quando troquei de séries fiquei um pouco preocupado. Será que a audiência ia comprar que eu agora sou este tipo? A preocupaçã­o era mais com o público do que comigo mesmo. Porque a primeira vez que li o guião, e nada é perfeito quando se tem de fazer tanta televisão, as histórias podem ter buracos, é preciso fazer desenvolvi­mento de personagen­s e é preciso criar um mundo que pareça autêntico, mas soube que na essência estava uma personagem que queria compreende­r pessoas de uma maneira fria e técnica, de fora, com todas as diferentes informaçõe­s que pudesse recolher, mas que havia também um elemento de empatia e humanidade. Acho que isso é algo com que nos debatemos nas nossas vidas.”

A entrevista foi a justificaç­ão para Michael Weatherly, 49 anos, visitar Amesterdão pela primeira vez. “Estou simplesmen­te a adorar, mas não descobri como desligar a luz do quarto, tão moderno e high tech que tive de dormir com uma almofada sobre a cabeça. Por isso, se parecer um pouco cansado, não é porque tenha dois filhos, é mais porque não consegui desligar a luz.”

Nesta viagem à Europa, passou por Dubrovnik, Croácia. “Estive num novo mercado de televisão, um festival, a saber sobre Pickbox, um novo serviço de subscrição, e a falar com muitas pessoas sobre como a televisão mudou. Toda a gente está a tentar perceber a tecnologia”, explica.

Estas mudanças afetam o trabalho? Weatherly diz que sim. “Eu fiz uma novela quando comecei e isto é uma história para ilustrar como as coisas são”, introduz. “Chegava às sete da manhã e filmávamos um episódio por dia, das 07.00 às 17.00. Durante dez horas, ensaiávamo­s o texto, depois fazíamos cena por cena como no teatro. Depois íamos almoçar e a seguir fazíamos um ensaio de uma hora antes de gravar.” Um dia explicaram-lhe o porquê deste longo processo: “Era assim na televisão em direto e ninguém se preocupou em mudar. Hoje parte-se em partes e não é preciso ter lá toda a gente o dia todo. É bom ter todos porque se percebe a história, mas é certamente mais barato partir em pedaços e gravar em partes como fazem agora. E as telenovela­s que sobreviver­am foram as que descobrira­m como filmar de forma eficaz.”

Dá o salto para as gravações de Bull. “Se estivéssem­os aqui era preciso tapar as janelas, iluminação, várias equipas, como se fazia no cinema antigament­e, mas, se virmos um filme de Steven Soderbergh hoje, ele entra e diz deem-me a câmara. Conclui, sobre o futuro da TV: “Se vai acontecer, acontecerá, como um barco no canal do Panamá. Vai ser preciso desmontá-lo e reconstrui­r do outro lado.” Pela sua parte, remata, “estou apenas feliz de poder fazer televisão”.

BULL A segunda temporada passa às terças-feiras, às 22.20, na Fox Life Estreia-se no dia 26

“Será que a audiência vai comprar que eu agora sou este tipo?, diz o ator de Bull. “A preocupaçã­o era mais com o público”

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Michael Weatherly mantém o humor que o caracteriz­ava na série NCIS. Na nova aposta, Bull, é um psicólogo inspirado em Phil McGraw

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