Diário de Notícias

Dívidas de empresas públicas baixam 1388 milhões até junho

Endividame­nto do setor empresaria­l do Estado regista um aumento de 293 milhões face ao primeiro trimestre, mas uma redução em relação a igual período de 2016

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JOÃO D’ESPINEY O endividame­nto das empresas públicas atingiu os 30 608 milhões de euros no final do primeiro semestre deste ano, de acordo com o mais recente relatório da Unidade Técnica de Acompanham­ento e Monitoriza­ção (UTAM) do setor público empresaria­l relativo ao segundo trimestre deste ano. O valor representa uma redução de 1388 milhões de euros relativame­nte ao montante das dívidas registadas em igual período de 2016. Mas em termos trimestrai­s verifica-se um aumento de 293,3 milhões de euros face aos 30.315 milhões registados no final do primeiro trimestre deste ano.

Por outro lado, o valor do endividame­nto ficou acima do objetivo expresso nos orçamentos das empresas: mais 4.832 milhões.

Para a diminuição homóloga contribuír­am sobretudo a Carris, que entretanto passou para a competênci­a da Câmara de Lisboa (-673 milhões), a CP (-422 milhões), o Metropolit­ano de Lisboa (-303), a Empordef, entretanto extinta (-209,1) e a Parpública (-175,4). A Parque Expo, que no fim de março tinha uma dívida de 113,5 milhões, não aparece no relatório do segundo trimestre. Por outro lado, a ENMC – Entidade Nacional para o Mercado de Combustíve­is, em processo de extinção, não constava na lista no relatório do primeiro trimestre e tem agora uma dívida de 359,5 milhões.

No relatório divulgado, a UTAM não faz qualquer referência à comparação com os dados do endividame­nto registados no fim do primeiro semestre de 2016, nem com os verificado­s no primeiro trimestre deste ano, optando por o fazer em relação ao final de 2016.

Da análise trimestral, conclui-se que os maiores agravament­os ocorreram no Metro do Porto (+165,8 milhões que em março), na Parvalorem (+18,4), na Infraestru­turas de Portugal (IP) (+15,5), na Sociedade de Transporte­s Coletivos do Porto (+7,4) e na Parups (+4,4). A UTAM salienta que o setor dos transporte­s e armazenage­m teve o “contributo mais importante” para o aumento do endividame­nto, com um “incremento de 96 milhões de euros em relação ao final de 2016, com destaque para o contributo da Metro do Porto, em cerca de 182 milhões de euros”. “O maior desvio de previsão verificou-se no setor dos transporte­s, cujo endividame­nto foi superior ao objetivo expresso nos orçamentos das empresas em cerca de 4,9 mil milhões de euros”, decorrente essencialm­ente do desvio da IP, de cerca de 3,9 mil milhões de euros, lêse ainda no documento.

O organismo tutelado pelo Ministério das Finanças explica que o desvio registado na IP “decorre essencialm­ente do adiamento da conversão de créditos em capital, operação inicialmen­te prevista para o primeiro trimestre de 2017”. Em termos absolutos, as empresas com o maior nível de endividame­nto continuam a ser a IP (resultou da fusão entre a Rede Ferroviári­a Nacional e a Estradas de Portugal) com 8364,9 milhões de euros, a Parvalorem (empresa que resulta do exBPN) com 4424,7 milhões, e a Parpública, com 3710,8 milhões.

Os dados da UTAM revelam ainda que os prejuízos das empresas públicas ascenderam a 234,2 milhões de euros no final de junho deste ano, o que representa uma descida de 98,5 milhões relativame­nte ao período homólogo de 2016. Em termos trimestrai­s, a redução é de 60,1 milhões e em relação às previsões de 103,5 milhões. As empresas com mais prejuízos eram a CP, com 58,1 milhões, a Parvalorem (65,5), o Centro Hospitalar de Lisboa Norte (34,3), o Metro do Porto (33,9) e o Centro Hospitalar do Porto (24,7).

Em sentido contrário, as empresas com os melhores resultados líquidos foram a Águas de Portugal SGPS, com 55,6 milhões, a IP (47,8), a Parpública (41,6), a Parque Escolar (13,6), a Estamo – Sociedade Gestora de Participaç­ões Imobiliári­as (13,4), e a APS – Administra­ção dos Portos de Sines e do Algarve (10,6).

Em termos globais, 32 empresas apresentav­am resultados líquidos positivos e 48 davam prejuízos. O relatório da UTAM revela ainda que os gastos operaciona­is das empresas públicas totalizam 3451,2 milhões no fim do primeiro semestre, o que representa um acréscimo de 83,4 milhões face ao valor homólogo.

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