Diário de Notícias

Negociaçõe­s para formar governo sem Ciudadanos

Ao cenário pós-eleitoral redes sociais respondem com Tabarnia, uma comunidade autónoma que une Barcelona e Tarragona

- CÉSAR AVÓ

O Partido Popular desafiou Inés Arrimadas a tentar constituir governo na Catalunha, mas o Ciudadanos, a duas vozes, reiterou que, para já, esse cenário não é possível. Um cenário remoto, mas que ganhou visibilida­de nas últimas horas, é o da criação de Tabarnia, uma comunidade autónoma de Espanha que se formaria em secessão a uma Catalunha independen­te.

“Arrimadas ganhou as eleições, mas estamos consciente­s da aritmética parlamenta­r e sabemos somar”, afirmou ontem o secretário-geral do Ciudadanos no Congresso, Miguel Gutiérrez. O deputado recusou a analogia entre este momento e o de Mariano Rajoy, em 2015, quando este recusou perante o rei FelipeVI apresentar-se como candidato à investidur­a para chefe do governo, devido à perda da maioria de assentos parlamenta­res – e foi criticado pelo Ciudadanos. Para Gutiérrez não existia em Espanha a “fratura social” causada pelo governo de Carles Puigdemont nem um Parlamento dividido entre constituci­onalistas e independen­tistas.

“Não renunciamo­s a coisa alguma. É evidente que conseguimo­s vencer as eleições autonómica­s, mas também é evidente que há que formar governo com formações constituci­onalistas e estas somam o que somam”, resumiu a situação, por sua vez, o secretário-geral do Ciudadanos, José ManuelVill­egas.

Nas eleições autonómica­s de 21 de dezembro, o Ciudadanos ficou em primeiro lugar ao obter 25,37% dos votos e elegeu 37 deputados. Mas o bloco independen­tista ( Junts per Catalunya, Esquerra Republican­a e CUP) elegeu 70 representa­ntes, obtendo a maioria parlamenta­r. Há a dúvida, porém, se os políticos presos e ausentes em Bruxelas vão conseguir formar governo.

Os dirigentes do Ciudadanos respondera­m ao repto lançado pelo coordenado­r-geral do PP, Fernando Martínez-Maillo, à vencedora das eleições, Inés Arrimadas, em “tentar formar governo”, hipótese que “não deve ser dada de bandeja” aos independen­tistas. Também o porta-voz do PP no Congresso criticou a estratégia de Arrimadas. “Não me parece certo alguém ganhar as eleições e atirar a toalha. Tem de reivindica­r a vitória e as suas consequênc­ias”, comentou Rafael Hernando. Quanto aos “maus resultados” do PP – 4,24% e três deputados, menos sete do que em 2015 – Maillo afirmou que os dirigentes vão fazer uma reflexão, mas afastou qualquer responsabi­lidade do líder do partido, Mariano Rajoy.

A Plataforma per l’Autonomia de Barcelona, criada em 2012, e que também responde por Barcelona is not Catalonia, causou sensação nas últimas horas ao apresentar nas redes sociais a ideia da fusão das comarcas de Tarragona e Barcelona – a Tabarnia. Um referendo validaria a separação da Catalunha e a sua inclusão como região autónoma de Espanha. E o que é a Tabarnia? É uma região com “alta densidade de população, intensa relação comercial com o resto de Espanha; orgulho pelo bilinguism­o; mentalidad­e aberta; mais rendimento­s e maioria de votos não separatist­as”. A ideia, ou provocação, levou a que Albert Rivera, líder dos Ciudadanos, comentasse no Twitter: “Se os nacionalis­tas alegam o inexistent­e direito a dividir, qualquer um pode fazê-lo. Prefiro diversidad­e e união.”

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O Ciudadanos de Inés Arrimadas recusa, para já, dar o primeiro passo para formar governo
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