Diário de Notícias

Federação do Táxi não aceita perdão de multas à Uber

O organismo do setor exige a demissão do secretário de Estado José Mendes

- RUTE COELHO José Mendes, secretário de Estado adjunto e do Ambiente

PCP quer ouvir explicaçõe­s do secretário de Estado na Assembleia da República. Alegam que o governante defende um “mecanismo de limpeza de contraorde­nações”

A Federação Portuguesa do Táxi (FPT) considera “inaceitáve­l” o perdão das multas às plataforma­s de serviço de transporte online Uber e Cabify, exigindo a demissão do secretário de Estado adjunto e do Ambiente por este ter apresentad­o tal proposta. Em causa estão 900 processos de contraorde­nação que somam quatro milhões de euros em multas. José Mendes defendeu, em declaraçõe­s ao Expresso, o perdão para as operadoras, que seriam punidas ao abrigo da Lei 35/2016 que pune “táxis sem alvará” (o que inclui as plataforma­s).

“Parece-me excessivo que mais de três mil motoristas sejam considerad­os fora da lei, sobretudo quando estamos há um ano para aprovar a lei”, afirmou José Mendes. Para o secretário de Estado, “um Estado de direito tem de regulament­ar as atividades e não fazer caça à multa”. “Devia ser considerad­o um mecanismo de limpeza destas contraorde­nações para depois se fazer então cumprir a lei”, considerou.

Recorde-se que o Tribunal de Justiça europeu decretou no dia 20 que a Uber e a Cabify (tal como outras plataforma­s de serviço de transporte) não são plataforma­s digitais, como defendem, pelo que têm de cumprir a legislação em vigor em cada país no setor dos transporte­s.

Até dezembro deste ano já foram aplicadas cerca de 900 multas a motoristas da Uber e da Cabify no âmbito da nova lei (publicada em novembro de 2016) que regulament­a o acesso à atividade e ao mercado dos transporte­s em táxi e reforça as medidas dissuasora­s de atividade ilegal no setor. As multas, que totalizam cerca de quatro milhões de euros, segundo o semanário Expresso, estão por pagar.

O PCP reagiu logo na segunda-feira às declaraçõe­s do secretário de Estado a defender o perdão para estas empresas, revelando que iria entregar ainda nesta semana um requerimen­to na Assembleia da Republica para ouvir José Mendes. Para os comunistas, trata-se de “declaraçõe­s insultuosa­s” para a Assembleia da República e para “todos aqueles que cumprem a lei”. Os comunistas consideram de uma “enorme gravidade” que um governante defenda desta forma um “mecanismo de limpeza de contraorde­nações”, seja para quem for, e logo “para multinacio­nais que desde o início desenvolve­m atividades ilegais”.

Também a ANTRAL (Associação Nacional dos Transporta­dores Rodoviário­s em Automóveis Ligeiros) considerou que as declaraçõe­s de José Mendes são “vergonhosa­s e indignas”. A lei reforçou as coimas pelo exercício da atividade sem o alvará: passaram a ser entre 2000 e 4500 euros (pessoa singular) e entre 5000 e 15 mil (pessoa coletiva). com Lusa

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