Macron admite uma Córsega com mais autonomia
Presidente reage à vitória dos nacionalistas corsos abrindo a porta a “evoluções” nos poderes próprios da ilha do Mediterrâneo
FRANÇA O presidente Emmanuel Macron admitiu que o seu governo pode considerar mudanças na relação entre a França continental e a Córsega, mas descartou a alteração ao direito de residência ou o reconhecimento do corso como língua oficial para a região que deseja uma maior autonomia.
Em entrevista ao El Mundo –o diário espanhol elegeu o presidente francês como a personalidade do ano –, Macron respondeu sobre as exigências dos nacionalistas corsos: “De futuro, é possível refletir sobre possíveis evoluções, o primeiro-ministro [Edouard Phillipe] indicou-o aos responsáveis da comunidade corsa. Mas isso está inscrito num quadro, o da Constituição da república. Este quadro republicano não pode satisfazer certas exigências, como o estatuto de residente ou a língua corsa como co-oficial.”
Apesar de Macron não ter dito que iria negociar com os líderes nacionalistas da Córsega, é a primeira vez que abordou o assunto desde as eleições na ilha. As exigências dos corsos por mais autonomia costumam não ter eco em Paris.
Uma aliança dos dois principais partidos nacionalistas da Córsega, Pe a Corsica, venceu as eleições locais de 10 de dezembro e tem feito pressão para ser ouvida em Paris. Os seus dirigentes querem mais autonomia em assuntos fiscais, um estatuto de igualdade para a língua francesa e corsa e a limitação do direito de comprar imóveis em certos locais da ilha.
A vitória da aliança reflete a tendência de desencanto perante os partidos tradicionais, não só em França, mas também um pouco por toda a Europa, e deu novo impulso às ambições secessionistas de outros lugares da Europa, como a Catalunha.
Os nacionalistas da Córsega dividem-se entre aqueles que procuram uma maior autonomia e aqueles que veem a independência da ilha como o objetivo final. A Córsega faz parte dos 101 departamentos da França, contando com dois departamentos. Os nacionalistas minimizam as ambições imediatas de independência.