Rússia perde contacto com primeiro satélite angolano
Tecnologia. Angosat representa investimento de 269,6 milhões de euros. 40% da capacidade do satélite já estava reservada, diz governo
O aparelho, construído por um consórcio estatal russo, estava em período de teste até março, aproximadamente
A Rússia perdeu ontem o contacto com o primeiro satélite angolano de telecomunicações Angosat, lançado na terça-feira do cosmódromo de Baikonur no Cazaquistão, segundo uma fonte espacial russa. Receia-se um novo revés um mês após a perda de um outro aparelho.
“O contacto cessou temporariamente, perdemos a telemetria”, indicou a mesma fonte à AFP, dizendo esperar restabelecer o contacto com o satélite. Já as autoridades angolanas garantiram que o aparelho está’ “sob controlo”.
O Angosat representa um investimento do Estado angolano de 320 milhões de dólares (269,6 milhões de euros) e o seu lançamento foi comemorado em Luanda com fogode-artifício. Angola tornou-se assim o sétimo país africano, ao lado de Argélia, África do Sul, Egito, Marrocos, Nigéria e Tunísia, com um satélite de comunicações em órbita.
O aparelho, construído por um consórcio estatal russo, foi lançado com recurso ao foguete ucraniano Zenit-3SLB, envolvendo ainda a Roscosmo, empresa espacial estatal da Rússia, e estava em período de teste até março, aproximadamente.
Na semana passada, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, disse que comercialmente 40% da capacidade do satélite já estava reservada e que o Estado angolano estima recuperar o investimento em pelo menos dois anos.
Angola tinha já em curso um processo de divulgação do seu satélite fora do continente africano, depois de ter já garantido pré-contratos com Moçambique, República Democrática do Congo, África do Sul e Namíbia. A informação foi avançada pelo secretário de Estado para as Tecnologias de Informação, Manuel Homem. “Há já um trabalho de colocar disponível para as entidades interessadas o Angosat. Localmente, os prestadores de serviços das telecomunicações e das tecnologias de comunicação têm reservas alocadas ao Angosat”, disse à televisão pública angolana.
A divulgação do satélite fora de África teve o envolvimento de mais de 150 especialistas, entre políticos e técnicos. “É um processo de darmos a conhecer o satélite que tem uma cobertura de uma parte para a Europa, o trabalho já está a ser feito, de dar a conhecer o Angosat, porque essas infraestruturas de satélite, os outros operadores têm também o interesse de poder fazer parcerias no processo de revenda desses serviços”, disse. Manuel Homem considerou “gratificante” ver concretizado um projeto que nasceu há mais de dez anos, desde o início das negociações até ao seu lançamento, hoje.
Para gestão e operacionalização do satélite, o governo angolano formou 47 especialistas em Angola e no exterior, onde foram realizadas especializações em mestrado e doutoramento. “Temos 15 anos de exploração e para pensar noutros projetos espaciais. Pensar na construção de outros satélites”, disse o governante angolano, realçando que foi construído um centro de controlo e emissão de satélites em Luanda, que terá a capacidade de gerir os próximos satélites que forem produzidos para Angola e de outros países.
A construção do satélite, que teve sucessivamente adiado o seu lançamento, teve início em 2013, com o objetivo de disponibilizar serviços de telecomunicações, televisão, internet e governo eletrónico, devendo permanecer em órbita “na melhor das hipóteses” durante 18 anos. LUSA