Quatro jogadores do Rio Ave suspeitos de viciar resultados
PJ encontrou indícios de match fixing no jogo com o Feirense. Vilacondenses mantêm fé nos atletas, mas dizem querer verdade apurada
GONÇALO LOPES e RUI MARQUES SIMÕES Quatro futebolistas do Rio Ave estão a ser investigados pela Polícia Judiciária (PJ) e terão sido constituídos arguidos por match fixing, noticiou ontem a SIC. Os atletas são suspeitos de terem recebido dinheiro para viciarem o resultado do jogo com o Feirense, da 20.ª jornada da I Liga da 2016-17, que terminou com a derrota dos vilacondenses (1-2).
Os jogadores em causa terão sido aliciados por intermediários dias antes da partida, a 6 de fevereiro. As suspeitas de possível viciação de resultado levaram a que, no próprio dia do jogo, a Santa Casa da Misericórdia suspendesse as movimentações no jogo Placard, devido a “volume atípico de apostas registadas e risco financeiro envolvido”.
A partida entre o Feirense e o Rio Ave, duas equipas do meio da tabela da I Liga, recolheu apostas superiores a 500 mil euros – tendo sido noticiado na altura que só um apostador terá investido 50 mil euros. Por tudo isso, a PJ abriu a investigação que levou agora a que o MP constituísse quatro arguidos do plantel do Rio Ave, segundo a SIC, que avançou também que o Feirense-Rio Ave não será um caso único: outros jogos das últimas épocas da I Liga estão a ser igualmente investigados pela Diretoria Norte da Polícia Judiciária.
Perante isto, o Rio Ave reagiu em comunicado, mostrando “espanto e indignação”. Revelando que não tem “qualquer informação” sobre
Rio Ave está no centro do novo caso que abala o futebol português este caso, ainda que se tenha mostrado ao “dispor” das autoridades, a direção do Rio Ave disse manter “a total confiança nos intervenientes”. E manifestou “o desejo de ver esta situação resolvida, indo até às últimas consequências para que a verdade seja totalmente apurada”.
A Liga de Clubes revelou que requereu “sua oportuna intervenção como assistente [do processo], razão pela qual irá continuar a aguardar tranquilamente o desenrolar do mesmo”. E a Federação Portuguesa de Futebol apenas reagiu de forma breve: “Fazemos monitorização e tudo o que é detetado é remetido para as autoridades”, disse ao Record uma fonte oficial da instituição.
Refira-se que as penas para casos de corrupção desportiva têm endurecido nos últimos tempos – tendo entrado em vigor em maio uma nova lei que agrava o quadro penal para casos do género, com penas de prisão até oito anos (que, antes, tinham um máximo de cinco). O Regulamento Disciplinar da Liga também prevê castigos de um a cinco ou dois a oito anos de suspensão, para casos de corrupção e viciação de apostas desportivas, respetivamente (contemplados nos seus artigos 144.º e 144.º-A). Jogo duplo julgado em janeiro Até este momento, o mais grave caso de viciação de resultados em Portugal, relacionado com apostas desportivas, foi o processo Jogo Duplo. Antigos jogadores de Oriental, Oliveirense, Penafiel e Ac. Viseu, dirigentes desportivos (nomeadamente, do Leixões), empresários e um elemento da claque Super Dragões são acusados pelo Ministério Público de terem constituído “uma rede para a manipulação de resultados” das provas profissionais em Portugal (principalmente a II Liga), “para efeito de apostas desportivas internacionais”. Depois de deduzida a acusação a 27 arguidos, o caso segue para julgamento, a partir de 25 de janeiro.
Os futebolistas – que receberiam quantias “não inferiores a 5000 euros” para facilitarem em algumas partidas, estão hoje afastados dos campeonatos nacionais – arriscam ser proibidos de competir em Portugal por períodos entre três a cinco anos. Já para o Leixões – cujos dirigentes estariam envolvidos na viciação de resultados, mas para tentar evitar a descida do clube ao Campeonato de Portugal –, o Ministério pede a exclusão das ligas profissionais por três anos.