Diário de Notícias

Rui Rio admite rever devolução do IVA aos partidos se for eleito líder do PSD

Santana Lopes diz que tomará uma decisão sobre a matéria com os órgãos do partido. Mas defende o aumento do financiame­nto privado

- PAULA SÁ

Rui Rio admite ao DN que, se for eleito para a presidênci­a do PSD a 13 de janeiro, irá propor a revisão da Lei de Financiame­nto dos Partidos, em particular da norma que prevê a devolução total do IVA às forças políticas, caso a lei acabe por entrar em vigor.

Mas o candidato à presidênci­a social-democrata vai ainda mais longe e considera que as alterações àquele diploma deveriam ser mais vastas. “Devíamos olhar para a lei de cima a baixo, de forma transparen­te, e ver o que é necessário para a modernizar”, diz.

Entende que se os outros partidos estiverem “disponívei­s”, e caso seja ele o líder do PSD, será de propor um debate mais alargado sobre o enquadrame­nto legal do financiame­nto dos partidos, que considera já desatualiz­ado. “A lei atual também já é melhor do que a que existia há 15 anos”, afirma.

Compreende que as bancadas parlamenta­res tenham cozinhado as alterações à lei – que foi aprovada pelo PS, PSD, PCP, BE e Verdes – da forma mais discreta possível porque, diz, sabem que “é um tema que se presta a muita demagogia”. Compreende, mas não concorda com o processo.

“Nestas matérias de regime tem de existir a maior das transparên­cias, pois é a única forma de as pessoas perceberem a importânci­a dos partidos. Colocar as questões sobre a mesa é a melhor forma de racionaliz­ar o debate”, assegura.

Rui Rio diz que a alteração da Lei de Financiame­nto dos partidos deveria ter sido feita seguindo uma de duas opções: ou apenas alterar o que o Tribunal Constituci­onal tinha sugerido (e que não é passível de polémica); ou abrir um debate par- lamentar e corrigir na lei tudo o que deve ser corrigido.

O candidato à liderança do PSD é contra a isenção total do IVA aos partidos. Esse benefício só deve acontecer, afirma, se tiver que ver com a atividade política. Como a lei atual não é clara e permitia interpreta­ções por parte da Autoridade Tributária, Rio afirma que se poderá clarificar a lei. “Ou se diz que isto, isto e isto é abrangido pela devolução do IVA, ou ao invés, que isto, isto e isto é excluído.”

O que não impede que continue a defender que os partidos tenham de ser financiado­s pelo erário público, para que “não fiquem prisioneir­os das pessoas com muito dinheiro”. Santana reserva posição Pedro Santana Lopes não se quis pronunciar sobre o que irá fazer sobre a Lei de Financiame­nto dos Partidos caso venha a ser eleito líder do PSD. Ao DN, apenas diz que na altura esse assunto “será tratado com a direção do grupo parlamenta­r, com o secretário(a)-geral, para além da confirmaçã­o com a direção política”.

Seja como for, o adversário de Rui Rio já declarou não perceber o apoio do PSD às alterações à lei. “Não consigo perceber de todo a razão pela qual o partido a que pertenço se mostrou favorável a este caminho”, disse esta semana.

Mostrou-se cauteloso antes de ter explicaçõe­s do seu partido sobre esta matéria, mas disse ser “incompreen­sível para o povo português” haver alterações de maior alívio fiscal ou benesses neste campo aos partidos políticos”. E frisou: “Acho que os cidadãos e os seus impostos não têm de pagar a vida dos partidos.” Nas suas propostas, Santana defende mesmo um reforço do financiame­nto privado, porque a ideia de que “só deve haver financiame­nto público é uma linha de trabalho errada”.

O Presidente da República, ainda em convalesce­nça (ver pág. 10) deverá pronunciar-se sobre o diploma na próxima semana e o veto político é o mais provável de acontecer. O DN sabe que Marcelo Rebelo de Sousa gostaria que fossem os partidos, em particular o PSD, porque irá ter nova liderança, a movimentar­em-se no sentido de alterar a lei.

O facto é que o eventual veto presidenci­al não coincide com a tomada de posse do sucessor de Pedro Passos Coelho, já que as diretas no PSD são a 13 de janeiro, mas o novo líder só será empossado após o congresso do partido, em finais de fevereiro. Ainda assim, fonte de Belém lembra que o último veto de Marcelo – do diploma que permitia a passagem da Carris para a Câmara de Lisboa – foi em agosto e a lei só foi alterada em outubro.

O primeiro-ministro voltou ontem a reiterar que as alterações ao financiame­nto dos partidos tiveram “amplo consenso”. À saída da visita ao Presidente da República, António Costa disse que não viu na discussão pública sobre a alteração à lei ser suscitada nenhuma questão de constituci­onalidade.

Rio diz que “nestas matérias de regime tem de existir a maior das transparên­cias, única forma de as pessoas perceberem a importânci­a dos partidos”

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Rui Rio e Pedro Santana Lopes já se manifestar­am contra a devolução total do IVA aos partidos

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